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volver ao índice do OOI Nº 11

Apresentamos a seguir a declaração escrita o 07/02/2011 por nosso Secretariado Africano, que fora adotada por toda a Fração Leninista Trotskista Internacional.

A revolução egípcia, A chispa para a revolução mundial!

Para conseguir pão, trabalho e liberdade as massas empobrecidas devem de tomar o poder em suas próprias mãos!
Pão, trabalho e liberdade são as demandas centrais das massas de todo mundo as massas da Tunísia e Egito (e agora as de Jordânia e Iêmen) estão começando a mostrar o caminho de como brigar por isto, principalmente mediante a ação revolucionária das massas contra os brutais regimes anti operários que são títeres do imperialismo.  O ataque fascista com parasitas armados do estado o 2 de Fevereiro do 2011 mostrou que as massas precisam ter auto defesa armada e precisa romper seu pacifismo.  O pacifismo foi cuidadosamente proposto de diferentes ângulos pelo imperialismo.  Pôr em pé milícia operária armada como extensão dos comitês populares de base é uma tarefa imediata.  Isto requer um chamado direto imediato à base dos soldados para romper com a casta de oficiais do regime de Mubarak-Obama, e para eles ir-se do lado da revolução.

Ainda mais, a tarefa imediata da revolução é pôr em pé soviet, isto é, comitês de luta com delegados operários principalmente (mas não limitado a isso) das fábricas têxteis, gás e petróleo, hidrocarbonetos, metal e armamento, das grandes granjas capitalistas, incluindo delegados dos soldados de base, delegados dos desempregados, estudantes e setores arruinados da classe média baixa e os camponeses pobres (nas áreas rurais). Trabalhadores de cada lugar de trabalho em luta deve enviar delegados a estes soviets.  A milícia operária, comitês operários de auto defesa, devem de ser parte desses soviets contra o brutal regime assassino.  É que o regime de Mubarak (com as instruções do imperialismo - eles usam a mesma tática que na Tunísia -) foi responsável de enviar vermes a atacar o museu Antigo e atacar as casas de alguns da classe média.  Isto foi uma tentativa de sacar o apoio da classe média baixa à revolução.  As massas têm já posto em pé os “comitês revolucionários populares”.  Estes comitês são de estruturas de tipo pré-soviético que precisam ser fortalecidos e estendidos em toda a linha explicada mais acima, os quais devem ser centrados em delegados operários.  Cada esforço deve ser feito para brigar pela dominação da classe média. Isto pode ser feito com a adoção de um programa revolucionário.

Comida: grandes monopólios como a Cargill, Du Pont, Monsanto e os bancos norte-americanos, ingleses, alemães, franceses e japoneses compraram milhões de toneladas de mercadorias do mundo: trigo, soja, milho e outros produtos básicos. Assim, eles mantêm o açambarcado para criar um ajuste (desabastecimento) artificial para incrementar os preços. Eles estão deliberadamente esfomeando não só às massas do Norte da África e do Oriente Médio mas também as massas do mundo.  Ao mesmo tempo, os governos ianques, alemães e franceses lhe pagam a muito dos granjeiros locais por NÃO produzir - este é outro mecanismo para que artificialmente exista desabastecimento. Há suficiente comida para alimentar ao mundo muitas vezes mais em todas partes os grandes bancos dos Estados Unidos, França, Alemanha mantêm às massas com fome.  O custo real do barril de petróleo está cerca dos 4 dólares por barril mas, os mesmos grandes bancos do mundo controlam o petróleo do mundo e fazem super lucros com o preço mundial de petróleo inflado.  BP, Exxon,Total, Shell, Texaco tiram o nível mais alto de lucros do que eles nunca fizeram em sua história.

Os regimes capitalistas do mundo atuam em nome dos grandes monopólios que mantêm às massas com fome, sem levantar um só dedo contra os altos preços da comida e achatando qualquer revolta das massas simplesmente para comer. A última fase da crise capitalista mundial esta baseada nas forças da fome e temporã morte de milhões no mundo a uma grande escala nunca antes vista. A revolução na Tunísia e no Egito é uma resposta das massas a um maior desespero e fome causada pelos altos preços dos alimentos e o alto desemprego crônico causado pelo imperialismo-capitalista mundial.

A produção de comida local foi colapsada ou feita dependente sobre as importações das empresas de comidas imperialistas.  No Egito há cerca de 6000 granjas capitalistas (muitas relacionadas à ditadura de Mubarak e as empresas imperialistas) que produzem grande parte da comida local, enquanto 3 milhões de pequenas granjas (felayin) produzem para sua própria subsistência e estão forçados a procurar trabalho nas áreas urbanas para sobreviver.  As empresas norte-americanas são as principais provedoras para Egito em produtos de trigo, milho e soja  a um preço muito inflado (elevado N de T).

Trabalho: Outro mecanismo que os grandes bancos norte-americanos e outros usam para incrementar seus lucros é reduzindo o número de operários. Faz 2 anos cerca de 100 milhões de operários do mundo foram demitidos. Os operários que ficam estão obrigados a trabalhar como semi escravos, tendo seus salários e pensões recortados.  Milhões de operários imigrantes na Europa e Estados Unidos foram demitidos e enviados a casa para morrer-se de fome.  Já faz tempo que puseram em pé prisões especiais para prender e torturar operários imigrantes e jogar fora a quem sobra.  Há pelo menos 10% de desemprego (provavelmente mais do que 20%) nos Estados Unidos, Inglaterra, França e Alemanha.   Em nenhuma parte do mundo capitalista eles puderam resolver a questão do desemprego. Cada ano, mais e mais são deixados como desempregados permanentes.  Em todas partes, a percentagem de desempregados entre os jovens operários e a classe média baixa aumenta duplicando (se não é que triplica) a média da taxa de desemprego.  A juventude não tem futuro sob o capitalismo.  A imolação do tunisiano Mohamed Bouazizi, desempregado graduado de 27 anos, é o grito da juventude mundial.

O imperialismo norte-americano tem um acordo com o regime egípcio das “zonas industriais qualificadas” (maquilas onde os operários são super explorados e são brutalmente reprimidos) que são livres de impostos sobre a condição que um mínimo de 10,5% dos rendimentos de todos os bens que produzem vem de Israel. Isto mostra que a classe capitalista e a classe média alta egípcia não estão atadas ao regime de Mubarak mas são completamente dependentes do imperialismo ianque. O regime de Mubarak e a classe capitalista egípcia vive como parasito do semi-escravismo das massas egípcias e palestinas. Os capitalistas egípcios lhe dão cimento ao regime israelense para os muros e os postos de controle que mantêm aos palestinos em campos de concentração.

Não é um acidente que Egito se manteve como produtor têxtil, exportador de gás, eletricidade e um destino turístico. Toda a África, todas as colônias e semi colônias em todo mundo foram mantidas como exportadores de colheita, matéria prima sem processar e destinos turísticas para os centros imperialistas. O desemprego em massa crônico é uma característica estrutural do capitalismo em todas as semi-colônias e colônias em todo o mundo. Por desenho (plano capitalista, NdT) os trabalhos menos qualificados estão concentrados nas semi-colônias como um meio de controle social e econômico do imperialismo.

Liberdade: a ditadura de Mubarak foi o líder da OAU (Organização da Unidade Africana) e da AU (União Africana) o que mostra que essas organizações estão aí para assegurar ao imperialismo o controle sobre as massas da África. A supressão brutal dos trabalhadores independentes auto organizados é um selo do controle imperialista na África. As ditaduras militares e as republicas bonapartistas são freqüentemente sustentadas diretamente e indiretamente pelos partidos comunistas stalinistas ou fragmentos destes. Os PCs da Tunísia e do Egito e seus fragmentos têm abertamente colaborado com as ditaduras militares contra as massas, especialmente através de sua direção burocrática dos sindicatos.  

As empresas imperialistas florescem sob o brutal papel de Mubarak e seus predecessores e têm muitos interesses que manter, senão é ao mesmo ditador, portanto a ditadura sem Mubarak (fazendo só concessões superficiais para enganar às massas).  As reservas de gás foram entregadas por preços muito baixos pelas companhias imperialistas como Apache Oil, da qual Egito exporta gás aos Estados Unidos, a União Européia e a Israel. Enquanto  o gás e a eletricidade barata são exportadas, o imperialismo ianque quer importar gás (a um preço alto) para fazer turbinas de gás para a eletricidade no Egito.  A sexta-feira 28 de janeiro do 2011, logo depois da terça-feira 25 de janeiro as revoltas generalizadas começaram, o exército foi imediatamente mandado a proteger Apache Oil e o canal de Suez. A casta de oficiais está claramente sob o controle direto do imperialismo. Apesar disto Al Jazeera, El Baradei, a Irmandade Muçulmana e algumas das forças de “esquerda” ainda mostram ao exército como um bloco uniforme que apóia às massas.

Um dos bancos maiores é o banco Americano Egípcio (o qual é mais americano do que egípcio em termos do real controle).  O banco Deutsche, Credit Lyonnaise, Paribas, Chase Manhattan todos operam no Egito, tendo controle sobre a economia egípcia.  Estes bancos imperialistas todos fizeram super lucros nestes anos em base à classe operária egípcia.  Estes bancos, a companhia Apache Oil e outras companhias capitalistas todas dependem de sua alta taxa de exploração e grande extração de lucros mediante a ditadura militar. A classe média alta se desenvolveu como um resultado da brutal exploração e são a agência principal mediante a qual o imperialismo ianque continua com controle sobre a economia egípcia.  A classe média alta e capitalista egípcias estão assim atados ao regime ditatorial.  Para permitir liberdades democráticas como a liberdade a organizar sindicatos, liberdade a reunir-se em suas próprias organizações políticas, liberdade de expressão, democracia direta com o direito a revogar ao instante, imediatamente desafiaria as mesmas bases da exploração capitalista no Egito e desafiaria o controle do imperialismo.

Quando um governo da frente popular ganhou as eleições no Chile em 1972, eles se recusaram inclusive a mudar a direção da força armada, chamando ao “democrático” General Pinochet. Quando os operários começaram a tomar-se as minas de cobre, Pepsi e Chase Manhattan se juntaram para planejar derrubar ao governo. Em 1973 eles lançaram um golpe militar com Pinochet à cabeça, apoiado pelo imperialismo ianque o tempo todo.  Milhares de ativistas e dirigentes operários foram cercados e matados.  Há muitos exemplos em todo mundo do imperialismo ianque sustentando as ditaduras anti operárias mais brutais - Israel, China e Arábia Saudita são só 3 exemplos disto.  Vejam como o imperialismo ianque defende seus “direitos” pára extrai lucros.  Outros imperialismos não são menos sangrentos.  Todos recordaram o milhão de pessoas mortas pelo imperialismo francês na Argélia em 1956 quando as massas se estavam levantando contra o controle imperialista.

O imperialismo ianque lhe dá uns 1.3 bilhões de dólares à ditadura, portanto sustentou esse governo brutal por muitos anos. Realmente pode o regime de Obama ser tomado seriamente como que eles querem “democracia” para as massas egípcias onde a brutal tortura e assassinato de ativistas era algo que eles apoiaram por vários anos?

Uma assembléia Constituinte?

Com o imperialismo ianque (e outros imperialismos), a ditadura militar e a classe capitalista egípcia tendo tais interesses em manter a mesma relação de exploração, podem eles realmente dirigir o caminho para terminara com a ditadura por democracia?

É Suleiman, que era parte das conversas com a Autoridade Palestina que não lhe dava o direito ao regresso de 6-7 milhões de palestinos, realmente ser confiável para dirigir o processo pela “democracia”? Suleiman é um açougueiro,  recrutado pela CIA; é quem supervisa a tortura de rendição dos prisioneiros da CIA, inclusive sendo parte pessoalmente na tortura de inocentes. Supervisou a tortura de prisioneiros que foram forçados a confessar que Saddam tinha armas químicas. O imperialismo norte-americano usou estas “confissões” como prova para justificar a invasão ao Iraque em 2003. As mãos de Suleiman estão manchadas com sangue de mais de um milhão de iraquianos. Com razão Hillary Clinton diz que ele é quem realmente está a cargo do Egito. Suleiman foi atribuído à tarefa (por parte do imperialismo norte-americano) de afogar a revolução egípcia em sangue. É em quem confia o imperialismo norte-americano para assegurar uma transição pacífica.

São El Baradei e a Irmandade Muçulmana, que vivem das migalhas que caem da mesa dos capitalistas, realmente confiáveis para dirigir este processo para terminar com a ditadura? A Irmandade Muçulmana se uniu às “negociações” com o regime açougueiro, inclusive chamaram ao assassino e massacrador Suleiman para que “dirija” este processo. Os dirigentes da Irmandade Muçulmana e todos os que estão legitimando as conversas com Suleiman e o regime de Mubarak se passaram ao campo da contrarevolução. Estão mostrando que lhe darão as costas à revolução e ajudarão a afogá-la em sangue. São confiáveis algum dos partidos da classe média e as classes capitalistas que estão no parlamento egípcio para terminar com a ditadura? Se a contrarevolução ganha terreno então podemos esperar que Al Jazeera e outros médios capitalistas sigam sem dizer nada dos campos de assassinatos, como mantiveram um longo silêncio sobre os 6 milhões assassinados na RDC (Republica Democrática do Congo) enquanto o imperialismo norte-americano e outros saqueiam às massas e seus recursos.

O parlamento mais democrático capitalista deve de ser baseado em representantes direto das massas, livremente eleger seus próprios delegados, sem nenhuma condição de proteger aqueles que ganharam privilégios sob a ditadura como os capitalistas e imperialistas. Pode Obama, Suleiman, Shafiq, El Baradei, a Irmandade Muçulmana, ou qualquer general ou qualquer burocracia ou partidos capitalistas realmente permitir que as massas votem dessa forma para que possa sacar-lhe seus privilégios?

O imperialismo já deu sua resposta: o dia 2 de fevereiro de 2011 eles juntaram aos vermes e gangster de todo o país (muitos tinham sido liberados da prisão) e os impulsionaram para atacar as massas desarmadas na Praça Tahrir. Os generais do exército junto com El Baradei, o movimento 6 de Abril e junto com a Irmandade Muçulmana e as ONG financiadas pelo imperialismo e os movimentos sociais se uniram para desarmar a milhares de manifestantes. Os generais do exército instruíram aos soldados a desarmar as massas mas, quando os vermes atacaram eles instruíram aos soldados a não fazer nada. Em outras palavras, os de acima do exercito atuaram por aqueles com os mesmos interesse para tratar de dispersar às massas.  Os generais estão com Mubarak, o imperialismo ianque, com os capitalistas egípcios. A base do exército precisa optar.  Em muitos casos a base do exército já optou quando faz uns dias atrás eles dispararam à odiada polícia.  Mas o imperialismo ianque e os generais trabalham dia e noite para assegurar o apoio da base do exército.  Não é por acaso que 1.3 bilhões de dólares de apoio do imperialismo ianque cada ano é dado aos militares

O uso de resíduos da sociedade (marca deshumaniçada que venderiam a sua mãe por 1 dólar) é uma característica comum no mundo imperialista quando seus governos estão sendo aterrorizados pela revolução da classe operária.  O imperialismo usou métodos fascistas na Espanha 1936, na França, na Grécia, na Bolívia em 2008, na África do Sul entre 1985-1994, na Cuba antes de 1959, na Argentina, no Brasil e em toda Sul América nos 70, nas Filipinas, na Indonésia, etc. etc. 
O uso desses vermes não é único do Egito - é uma ferramenta comum que financia usos capitalistas contra as massas. O imperialismo ianque ordenou o uso desses vermes contra os manifestantes para achatar as aspirações democráticas das massas.  Há alguma dúvida que o presidente israelense Peres e Wisner o ex enviado ianque, agora baseado no Egito, este chamando para que Mubarak fique! Que pode ser mais democrático que milhões querendo jogar fora ao ditador e imediatamente eleger uma nova direção? O imperialismo não pode permitir democracia.  Eles querem manter a ditadura militar sobre as massas. 

O reacionário papel de
Al Jazeera

Al Jazeera foi formado pelos ex chefes da BBC.  Eles o formaram quando a BBC e os meios mundiais se moviam agudamente para a direita, começando a ser mais conservadores.  Assim, é verdade que os tele espectadores têm uma visão mais ampla dos eventos em Al Jazeera do que em outro meios principais como a CNN e Skynews.  Esta visão mais ampla permite (ver, NdT) um pouco mais dos eventos nas bases de onde emergem e assim esta grande expressão democrática deve de ser defendida dos ataques do mundo imperialista.  Isto não significa que Al Jazeera não é capitalista e que não esta unida a uma auto censura. Eles são capitalistas, eles seletivamente informam sobre as questões e eles se restringem a eles mesmos, só que menos do que os outros médios monopólios principais.  Mediante a revolução tunisiana e egípcia (e outros eventos) eles promoveram o regime ianque de alguma forma como defensores da democracia.  Durante os ataque por parte da polícia, dirigidos pelos vermes na Praça Tahrir o 2 de Fevereiro, os atacantes foram apresentados por Al Jazeera e outros médios capitalistas como os que “apoiavam a Mubarak” e a briga foi apresentada como sendo entre os que apóiam ao governo e os que estão contra.  Durante as brigas de Al Jazeera deliberadamente encheram divisão entre as massas promovendo um mito que a gente agora “não sabia em quem confiar”. A participação das massas em subseqüentes demonstrações foi uma completa refutação do mito que Al Jazeera promovia.  Seus jornalistas/repórteres marcharam com os vermes, obviamente vendo suas armas e eles não fizeram nenhuma tentativa de advertir às massas desarmadas na Praça Tahrir sobre isto. 

Os fatos em Alexandria, Suez e Mahalla onde as massas eram bem mais militantes, foram minimizados.  A classe operária em Mahalla tem uma história de brigar militantemente, de tomar as companhias têxteis e pô-las sob controle operário.  Essa direção da classe operária de tomar os meios de produção está sem dúvida emergindo mas, Al Jazeera prefere promover as análises burguesas e suprimir a visão dos operários.  Isso é censura da revolução e ajuda a desarmar politicamente às massas.
Obama chama à liberdade dos jornalistas de Al Jazeera como se o não sabe o papel valioso que joga em promover a visão capitalista. Os contínuos ataques sobre Al Jazeera mostra que quando o imperialismo os deseja, eles atuarão contra aqueles mesmos que são parcialmente democráticos.

A necessidade de um partido revolucionário da
classe operária

O Fórum Social Mundial e seus movimentos sociais durante muitos anos impulsionaram o veneno “anti-partido”. Em outras palavras, eles se montam sobre o ódio legítimo das massas para todos os partidos capitalistas e sacam a conclusão de que a classe operária não precisa um partido. Esta visão também está influenciando às massas no Egito para não formar um partido revolucionário da classe operária. Mas quais são as bases de um partido revolucionário da classe operária? Seguramente é necessário que os ativistas da classe operária e quem os apóiam coordenem suas atividades a nível regional e nacional, tirando as lições dos combates de todo o país, sabendo que o estado assassino, suas forças de inteligência, o imperialismo norte-americano, os capitalistas egípcios estão todos alinhados contra eles. Seguramente é necessário tirar as lições de como o imperialismo achatou outras revoluções; tirar as lições de ali onde as revoluções puderam triunfar, apesar de ser por tempo limitado, do papel dirigente da classe operária organizada independentemente em sua própria alto-organização, de como o imperialismo está tratando de estrangular as revoluções tunisiana, jordaniana e Iemenita. Sem dúvida há que desenvolver um programa de demandas sobre as quais as massas se possam unir não só contra o regime senão também contra o sistema que sustenta a ditadura contra as massas egípcias. Seguramente se reconhecerá que os problemas das massas egípcias são similares aos das massas de todo o mundo. Uma rede bem entrelaçada de lutadores e ativistas a nível nacional e internacional, que realmente queira prover de uma direção e aprender todos os dias das massas, nada mais é do que um partido revolucionário da classe operária. A posta em pé de um partido revolucionário internacionalista da classe operária é uma pré-condição para o triunfo da revolução egípcia.

O imperialismo norte-americano, os movimentos sociais, Mubarak, o movimento 6 de abril, El Baradei, a Irmandade Muçulmana exploram a ausência de um partido revolucionário da classe operária e trabalharam para desarmar as marchas. Portanto, ainda que milhões saíram às ruas, a possibilidade de que a classe operária e as massas empobrecidas tomem o poder se excluiu desde o começo. As massas combativas foram reduzidas a mendigas, rogando-lhe ao imperialismo norte-americano que “por favor” tire a Mubarak. Tal é o resultado traidor da passividade forçada das massas.

O imperialismo tirou a lição da Tailândia, onde por vários meses, as massas tomaram o centro de Bangkok. O imperialismo simplesmente esperou a que as massas se cansem antes do que avance com a ofensiva para dispersar aos manifestantes numa sangrenta batalha.

Pão, trabalho e liberdade são as demandas centrais
do momento

O partido revolucionário da classe operária deve estar centrado no seguinte programa: A proposta das demandas de pão, trabalho e liberdade são imediatamente locais e internacionais. Dar-lhe direção às massas egípcias, expondo que todas as forças capitalistas e das classes médias são incapazes de atingir estas e sentar as bases para que a classe operária tome o poder com meios revolucionários, não somente nas semi-colônias, como Egito, mas também no coração das terras imperialistas como Grécia, Reino Unido, França, Alemanha, Espanha, Portugal, Itália, EUA e Japão. Estas demandas também lhe dariam direção às massas de todo mundo, não somente na região, que para poder ter pão, trabalho e liberdade, a classe operária precisa tomar o poder por meios revolucionários.

Há que expandir os comitês populares para incluir aos delegados operários de todas as fábricas. Os soldados de base devem romper imediatamente com seus generais e a casta de oficiais assassina, eleger a seus próprios delegados e mandá-los aos comitês populares ampliados. Os desempregados, os estudantes, os camponeses pobres (fellayin) devem eleger seus delegados desde seus próprios conselhos. Os trabalhadores rurais devem eleger seus próprios conselhos. Todos os setores em luta devem enviar delegados a um conselho regional e nacional, que ponha em pé um governo provisório revolucionário, em oposição ao denominado governo de “unidade” dos fantoches imperialistas.

 

Socialismo internacional baseado no controle operário, não no socialismo nacional do tipo “nasserista”

Cuadro de texto: 2008. Os explorados palestinos da Gaza derribam o muro de RafahO stalinismo impulsionou o socialismo nacional de um tipo especial para justificar que a classe média local tome o poder político, enquanto atuava como lacaia do imperialismo. Nasser foi simplesmente um capitalista africano, como Mugabe de Zimbábue que desfilam como “socialistas africanos”. Levaram-se a cabo a nacionalização das têxteis, de Suez e de outras indústrias, mas estas indústrias foram colocadas ao serviço do imperialismo mundial. Em todas essas “nacionalizações” os operários não tinham controle de seus postos de trabalho e da produção. As exportações de algodão ainda eram vendidas aos capitalistas britânicos por nada, enquanto o canal de Suez se mantinha aberto para todos os carregamentos do imperialismo.

A classe operária egípcia, tomando controle de seus meios de produção, das granjas capitalistas, do gás, da eletricidade, dos bancos e outras firmas capitalistas, dá um importante passo adiante. Mas a melhor tecnologia, o desenvolvimento mais avançado, tudo isso reside nos centros imperialistas. Que a classe operária tome o poder no Egito seria um magnífico passo adiante, mas para atingir o socialismo se requer a revolução operária nos centros imperialistas, como EUA, Reino Unido, França, Alemanha e Japão. É, por esta razão, que a revolução tunisiana e egípcia não são revoluções “árabes” senão parte da luta mundial contra o capitalismo-imperialismo.

Por que deve brigar o programa do governo provisório revolucionário baseado nos comitês populares revolucionários ampliados?

  1. O primeiro é chamar a derrocar a todo o regime de Mubarak, com a casta de oficiais e toda a burocracia que sustentou os ataques brutais contras as massas, a conta do imperialismo, durante todos estes anos. É importante ir além de somente “abaixo Mubarak”. Abaixo todo governo interino do Baradei, os Irmãos Muçulmanos e os fragmentos do regime de Mubarak! Este “governo interino” é simplesmente outra cara para perpetuar o domínio do imperialismo norte-americano.
  2. Precisamos levantar as demandas da Tunísia (e em realidade de toda a classe operária mundial) de pão trabalho e liberdade. Nacionalização da terra. Isto significa que os operários devem tomar as granjas capitalistas, pô-las sob controle dos operários agrícolas, tomar toda a produção e distribuição de alimentos capitalista, pondo-as também sob controle operário, sem pagamento aos capitalistas Esta é a forma de alimentar às massas imediatamente. Pôr em pé granjas coletivas operárias modelo; créditos baratos e toda a assistência para equipamento de cultivo devem dar-se aos camponeses mais pobres. A redistribuição da terra deve ser conjuntamente determinada por comitês de operários agrícolas e comitês que representem aos camponeses mais pobres. A classe capitalista engordou sobre os ossos das massas, estando toda ela estreitamente unida à ditadura de Mubarak. As empresas imperialistas e os bancos que operam no Egito durante muito tempo sustentaram à ditadura de Mubarak. Tiveram às massas sob desemprego e fome na terra da abundância. Para conquistar o trabalho, devem-se expropriar sem pagamento a todos os capitalistas e os bens do imperialismo, incluindo aos bancos, e pô-los sob controle operário. Não deve ter propriedade privada dos meios de produção, isto é, as grandes extensões de terra, as grandes indústrias têxteis, as empresas produtoras de armas, os bancos, a hidroelétricas, as empresas de gás e petróleo, as grandes distribuidoras de alimentos, todas as grandes empresas devem ser postas sob controle operário. Isto sentaria as bases para uma redução imediata da jornada trabalhista, repartindo o trabalho entre todos os que podem trabalhar, sem perda de salário. Só um governo revolucionário provisório baseado na extensão dos “comitês populares”, que estejam centrados nos delegados operários e dos soldados de base, com delegados dos trabalhadores rurais e os camponeses pobres, os desempregados, estudantes em luta, pode cumprir com as aspirações das massas por pão, trabalho e liberdade. Unicamente um governo revolucionário provisório baseado na extensão dos comitês populares é quem pode chamar (se as massas o desejam) uma Assembléia Constituinte que não esteja atada por nenhum laço ao imperialismo. O imperialismo norte-americano, seu “governo interino” e seus generais só podem lembrar uma casca vazia, uma assembléia estreitamente atada ao imperialismo e aos interesses capitalistas. Pode o governo de “unidade” romper com o velho regime e com os interesses capitalistas e do imperialismo norte-americano? Isto é como pedir-lhe a um lobo que deixe de ser lobo. Ao final do dia, o punhado Cuadro de texto: Reprodução da capa do Organizador Operário Africano de janeiro de 2011  “A REVOLUÇÃO EGÍPCIA MOSTRA COMO BRIGAR CONTRA  A CARESTIA DA VIDA E A DESOCUPAÇÃO”    de lobos tem uma só meta em mente: comer-se à ovelha
  3. Expulsão de todas as bases militares norte-americanas do Egito. Os comitês populares revolucionários devem tomá-las.
  4. Por acabar com todos os centros de tortura da CIA no Egito (e em todos os lados) e todos os centros de  inteligência imperialistas
  5. Dissolução total da burocracia do regime de Mubarak, incluindo os juízes.
  6. Por tribunais das massas revolucionárias para julgar aos açougueiros Mubarak, Suleiman e a casta de oficiais atada ao imperialismo.
  7. Pelo fim do estado de emergência; pela liberdade para a classe operária a organizar-se e liberdade de associação; pela imediata libertação de todos os presos políticos e econômicos.
  8. Por direito a revocatória imediata a qualquer representante; pela eleição direta de representantes todos os representantes não devem ganhar mais do que o salário médio de um trabalhador qualificado.
  9. Derrubar o muro de Rafah. O fim do bloqueio a Gaza é uma tarefa democrática imediata. Em 2008/2009 as massas de Egito ajudaram a derrubar o muro de Rafah. Agora, as massas palestinas podem unir suas mãos com seus irmãos egípcios para desfazer-se do regime de Mubarak inteiro.
  10. Os pobres nômades devem ter satisfeitas suas demandas de trabalho, terra e serviços.
  11. Eliminar as dívidas das massas com os bancos capitalistas.
  12. Imediata devolução de todos os tesouros do país que foram roubados e que hoje estão nas coleções do palácio de Buckingham, nos EUA, França e em outras partes.
  13. Pelo imediato direito à volta de todos os palestinos e por que todos os muros e postos de controle que mantêm às massas palestinas em campos de concentração sejam derrubados.
  14. Pelo derrocamento imediato de todos os regimes repressores da região.
  15. Chamamento aos operários do mundo a levar a luta contra o capitalismo-imperialismo mundial, para importar a revolução egípcia e tunisiana a seu próprio solo; isto é, por que a luta revolucionária da classe operária tome o poder a nível mundial. Que a classe operária dos EUA rompa com Obama, bloqueie todas as provisões militares e relacionadas a Egito e Israel.
  16. Por uma conferência imediata de todas as organizações operárias revolucionárias e os trotskistas internacionalistas no Egito para pôr em pé uma internacional revolucionária, que para nós significa refundar a Quarta Internacional.

Por uma federação socialista do norte da África e Oriente Médio. Abaixo Maastricht! Adiante para uma federação socialista de estados operários na Europa! Por uma federação socialista de estados operários nas Américas! Adiante para uma Federação de estados operários socialistas da África! Adiante para uma federação socialista de estados operários da Ásia e Austrália!
WIVL da África do Sul
Integrante da FLTI
07-02-2011

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