voltar ao índice
 


volver ao índice do OOI Nº 11

A REVOLUÇÃO NO NORTE DA ÁFRICA E ORIENTE MÉDIO DIA A DIA

02-02-2011 CARTA DO SCI À WIVL DA ÁFRICA DO SUL

A propósito dos soviets, a insurreição, a ditadura do proletariado e as tarefas internacionais da revolução na Tunísia e no Egito

Apresentamos a seguir uma carta que sintetiza o rico debate que, ao calor da histórica revolução aberta pela classe operária e os explorados no norte da África, veio desenvolvendo a FLTI. A carta expressa a reflexão comum que vimos realizando, desde a teoria marxista, a respeito do caráter dos soviets, as consignas de poder, a insurreição operária, a ditadura do proletariado e o caráter e as conseqüências internacionais que têm para a luta de classes mundial os enormes acontecimentos revolucionários do norte da África que fazem vibrar a todo o proletariado mundial.

Camaradas da WIVL
Quisesse fazer algumas apreciações e resumir a enorme elaboração coletiva que de conjunto vimos realizando, que nos permitiu dar enormes passos para adiante.

O combate pela ditadura do proletariado e o perigo do fetichismo soviético

Nosso programa ante os enormes acontecimentos que sacodem Egito, Tunísia, o norte da África e todo Oriente Médio é a ditadura do proletariado contra a ditadura da burguesia e o domínio burguês imperialista, ao que há que derrotar e demolir. A formulação do governo, isto é do poder operário e das massas exploradas, deve expressar de forma pedagógica -como diz o programa de transição - o combate pela ditadura do proletariado. “Governo operário e dos camponeses pobres baseado nos soviets armados” é uma excelente formulação que expressa á ditadura do proletariado.
Não temos que fazer nenhum fetichismo soviético. A diferença dos sindicatos, que discutem o valor da força de trabalho na época de paz, nas épocas onde a luta econômica se torna impotente e esta se deve elevar a luta política de massas -enfrentar abertamente à polícia, os governos e regimes burgueses, já que estas compreendem que sem isto não se pode conseguir nem a mais mínima das demandas- as massas põem em pé organismos para essa luta política. Esses organismos não são outros que os soviets, organismos de autodeterminação e democracia direta das massas em luta.
Estes, em suas etapas embrionárias e quando se desenvolvem, rompem a barreira entre as diferentes profissões entre a classe operária pela disposição de esta em diferentes ramos de produção. O soviet, como o diziam Lenine e Trotsky, organiza a todas as massas em luta, para dar-lhe um conteúdo de luta política, quando as condições assim se o impõem.
Dali que o reformismo tem a estratégia de que antes, durante e depois dos processos revolucionários, estes organismos de duplo poder não surjam; e quando surgem que estes não se armem.
Como dizia Trotsky, não há que fazer fetichismo dos soviets, isto é dos conselhos operários. Às vezes podem ser os sindicatos os que adquiram este caráter político e permitam o ingresso a eles das grandes massas em luta, como sucedesse com a COB na Bolívia em 1952. Isto é, as massas lhes mudam o conteúdo aos diferentes tipos de organizações. Assim fizeram os operários com a Cúria operária do Czar na Rússia quando o czarismo chamou a eleger delegados de fábrica para a mesma. Tão é assim, que a primeira fase do soviet de 1905 foi constituída pelos comitês de fábrica da Cúria operária da autocracia russa, e foi dirigida, em seus primeiros momentos, pelo Padre Gapon e sua corrente da igreja ortodoxa.
Isto significa que não podemos fazer fetichismo dos soviets nem normativismo a respeito dos mesmos. Isto é, os soviets ou seus embriões são organismos que surgem para coordenar a luta política de massas por localidade, por região ou a nível nacional, quando entram ao combate milhões de explorados que não estão nos organismos da classe operária das épocas de paz. Surgem quando as massas vêem que têm que tomar a resolução da crise e de seus problemas em suas mãos, e não delegar mais.

A respeito da formulação da ditadura do proletariado

Vocês definiram com clareza que os organismos soviéticos embrionários das massas em luta no Egito são os “comitês populares revolucionários”, como as próprias massas em luta o denominam, que começam a centralizar aos combatentes nas ruas. Excelente.
Nos soviets estão todas as massas em luta e se fortalecem decisivamente quando o proletariado consegue dividir às classes médias e arrasta a seus setores pauperizados ao combate. Às vezes está desde seus inícios o proletariado homogeneizando-os como seus conselhos operários. Mas aos soviets, quando se estendem e se desenvolvem, entram todas as massas em luta.
Aos soviets de fevereiro entravam os soldados, que não eram outra coisa que os camponeses pobres que por milhões estavam no campo de batalha da primeira guerra inter-imperialista. Entravam os comitês de abastecimento e contra a carestia da vida e controle de preços dos bairros operários e populares, e embora que pareça mentira, todos os sindicatos também. Justamente por isso se levantou como a alternativa de poder da ampla maioria de a população armado e acaudilhada pela classe operária no soviet. Assim surge um regime de duplo poder.
A particularidade russa é que os camponeses entraram no soviet como comitês de soldados, já que eles eram a base fundamental do exército czarista na primeira guerra mundial, porque os operários estavam nas fábricas produzindo armas, roupa, alimentos, etc. para a maquinaria de guerra imperialista do czarismo.
Este caráter da aliança de classes do soviet de Petrogrado de Fevereiro é o que levou ao Lenine e ao Trotsky a definir que uma mareia camponesa no soviet imbuía ao proletariado com sua ideologia, atraso e preconceitos. Isso eram os “soldados”, isto é camponês sob armas, que levaram aos primeiros postos no soviets aos “socialistas” que melhor falavam, professores, socialdemocratas, mencheviques, SR, etc.
Mas insistimos, aos soviets entram todas as massas em luta -como dizia Trotsky- que estejam dispostas a armar-se e a resolver seus problemas por fora das instituições da burguesia, porque esta está em franca bancarrota e demonstrou não resolver os problemas das massas.
O soviet já maduro e armado põe em pé um regime de duplo poder irreconciliável com o estado burguês. Por isso são os órgãos da insurreição. E por isso a burguesia, o imperialismo e todas as direções traidoras aprenderam muito bem que nunca mais pode ter soviets.
Tão duplo poder é o soviet, que em suas etapas embrionárias, como o comitê de fábrica, estabelece um duplo poder dentro da fábrica com os patrões. Se esses comitês se armam, e desarmam à polícia, o soviet em sua fase de piquete de greve, estabelece um duplo poder com a banda de homens armados do estado burguês. E se este se desenvolve, impõe um regime de duplo poder que cumpre funções legislativas, judiciais e executivas numa só democracia direta das massas em luta.
Por isso, lutamos para que antes, durante e depois da revolução se generalizem e madurem os organismos de duplo poder das massas.
Por exemplo, as massas do soviet de Petrogrado, antes de tomar o poder, desconheciam aos juízes do czarismo e os pleitos legais se resolviam em tribunais operários e populares votados pelos soviets, que exerciam um verdadeiro poder judicial reconhecido pelos explorados, e que atacava essencialmente á burguesia.
O soviet definia o que havia que fazer, legislava. Isto é, definia o que faziam as massas para abordar a produção, controlar preços, procurar o alimento desbaratando aos armazenadores e usurários, etc. Era um organismo das massas em luta.
Por isso a formulação de poder não é nem “governo operário”, nem “governo operário e popular” nem “governo operário e camponês” como formulações isoladas. Toda acepção ou consigna de governo para que realmente expresse a educação pedagógica da ditadura do proletariado deve chamar a estes tipos de governo a estar apoiadas nas massas auto-organizadas e armadas que estão em luta contra os opressores e seu estado, já que pode haver governos operário-burgueses, ou governos operários e camponeses-burgueses. O que dá o caráter de classe, isto é de ditadura do proletariado, é o organismo de duplo poder no qual está assentado.
Às vezes os soviets surgem por localidade, província ou fábricas… Nossa política é chamar a generalizá-los e a que se massifiquem. Como dizia Trotsky, é impensável uma insurreição se a classe operária e todas as capas exploradas e oprimidas do campo e a cidade -com seus destacamentos armados- não se independetizar de forma absoluta do estado da burguesia.
A isso apontam as formulações sobre o governo; a que chamamos a que estejam baseados nos organismos de democracia direta das massas em luta, auto-organizadas e armadas.
A definição de “governo operário e das capas empobrecidas do campo e a cidade, apoiado nos organismos armados de democracia direta das massas em luta” é uma excelente formulação pedagógica da luta pela ditadura do proletariado.
Quando os soviets não surgiram ainda, ou seu desenvolvimento é lento, a tarefa dos revolucionários é precisar quais são seus elementos embrionários para desenvolvê-los e estendê-los a nível nacional. E isso dependerá dos organismos reais que se dêem as massas em luta. Podem ser os conselhos operários que organizam á grande maioria das massas que estão em luta, o que é diferente nos sindicatos que não agrupam mais de um 15% ou 5% da classe operária.

Algumas experiências históricas onde a classe operária, no meio de processos revolucionários, pôs em pé seus organismos soviéticos.

Por exemplo, na revolução portuguesa de 1975, tendiam a surgir os organismos reais de comitês de camponeses, comitês de soldados, comitês de fábrica e comitês de inquilinos. Justamente o papel das direções reformistas é impedir que esses organismos se centralizem e se coordenem. E se surgem e não estão armados, seu objetivo é que não se armem.
Na revolução portuguesa, o PC se dedicou a romper desde adentro, inclusive aos paus, os comitês de fábrica e de inquilinos. Dissolveu os comitês de soldados, chamando a apoiar á oficialidade “jovem e progressista” das forças armadas. Enquanto, o PS, chamou a uma assembléia constituinte para impor uma saída “democrática” á crise do derrube da ditadura militar de Portugal. Assim abortaram e desviaram a revolução portuguesa.
Efetivamente, há soviets colaboracionistas. A clave é então que os soviets tenham a sua frente uma direção revolucionária. Isto garantirá que sejam organismos de duplo poder e instrumentos chaves para a insurreição.
Se os camponeses pobres ou pequenos comerciantes arruinados vão ao soviet, é um triunfo do proletariado que os arrasta ao combate e á mareia revolucionária. Se não vão ao soviet, a classe operária fica isolada, e a burguesia pode massacrar, como aos soviets de 1905.
Os soviets são os que agrupam e organizam á classe operária e ás massas em luta, ás que o proletariado deve ganhar, se são capas empobrecidas do campo e a cidade, sob sua direção.
Por isso a definição que levantamos hoje no Egito é “governo de operários e camponeses pobres baseados nas organizações de democracia direta e armamento das massas”, isto é os soviets. Na Rússia, era “todo o poder aos soviets”, que primeiro se explicou pacientemente e depois se executou no momento da insurreição sob a direção dos bolcheviques que ganharam a maioria nos soviets com os SR de esquerda (a corrente representante dos camponeses pobres).
Não há “soviets populares” em general. Falhar sobre Isso sim seria uma grande capitulação. Mas não podemos esquecer que devem armar-se os soviets de operários, camponeses pobres e das outras classes oprimidas e arruinados do campo e a cidade. Efetivamente, grande parte da base do exército são destes setores de camponeses pobres ou classe média arruinada da cidade, á que o proletariado deve atrair aos soviets com demandas audazes, como a expropriação do usurário e o banqueiro para dar-lhe crédito barato ao comerciante ou camponês arruinado. Esta é a essência da questão. A arte está em definir quais são os organismos que as massas se dão para a luta política em cada processo revolucionário, sem nenhum tipo de fetichismo.
Por exemplo, na Bolívia revolucionária de 1952, na central operária, estavam os camponeses pobres, os operários e como parte deles os mineiros, que eram sua vanguarda. A tarefa de “Todo o poder á COB!” esteve ao alcance da mão, e foi traída pelos renegados do trotskismo.
Na Bolívia em 1971, os organismos soviéticos eram a assembléia popular, que organizava a operários e camponeses. Justamente, o POR de Lora, em aras de seu “frente único antiimperialista”, impediu que esta assembléia popular de operários e camponeses (onde estes lhe puseram esse nome, não nós) se ganhara aos soldados de base, já que o PC e o POR de Lora dissolveram esta assembléia popular e constituíram o FRA (Frente Revolucionária Antiimperialista) com a “burguesia progressista”, encabeçada pelo general Torres, sustentada pelo PC de Pequim, o PC de Moscou e os renegados do trotskismo.
No Chile, os organismos de poder operário que começavam a armar-se e controlar a produção foram os cordões industriais de 1973. Justamente a política do stalinismo e o castrismo foi sinistra, porque se volcou a debilitá-los desde dois flancos.
Por um lado, o MIR com uma política ultra-esquerdista chamou a formar “comitês de camponeses e de povoadores” (isto é, “populares” segundo eles), por fora dos cordões industriais. E por outro lado, o PC chamava a dissolver os cordões industriais em “eleições dos sindicatos”.
É por este pérfido papel do stalinismo que o proletariado não pôde ganhar-se nem organizar sob sua direção aos camponeses pobres e os cordões industriais não conseguiram desenvolver-se até o final, dirigindo a luta contra o desabastecimento de alimentos. Muito menos puderam ganhar-se á base do exército, onde o MIR castrista tinia comitês de soldados e marinheiros que se rebelavam contra o golpe militar, organizados como seus colaterais, aos que dividiam e separavam dos cordões industriais e suas milícias.

Sobre a luta dos revolucionários por estender, desenvolver, centralizar e armar os organismos soviéticos das massas em luta. Por uma direção revolucionária para que os soviets triunfem como órgãos da insurreição!

Daqui devemos tirar a conclusão de que nossa luta é pela ditadura do proletariado, e quando começa uma situação revolucionária ou pré-revolucionária, como a que está-se desenvolvendo no Egito, a tarefa central dos revolucionários é estender e desenvolver os organismos de duplo poder, centralizá-los, coordená-los e armá-los a nível nacional. A eles devem entrar todas as massas em luta, que estejam dispostas a combater com o proletariado sob sua direção, com as armas na mão e dividindo a base do exército como tarefa para preparar uma insurreição vitoriosa dirigida por um partido revolucionário. Este é o eixo que articula todo programa de quem se considere revolucionário numa situação revolucionário ou pré-revolucionária.
Não fazemos nenhum fetichismo “soviético”, isto é com o nome “soviet”. Nossa grande tarefa é precisar quais são os organismos de auto-determinação e democracia direta que as massas põem em pé quando entram á luta política, para estendê-los, desenvolvê-los, coordená-los e armá-los.
E isto é decisivo, porque os soviets, embora que se desenvolvam enormemente, como na Rússia em fevereiro de 1917, podem voltar-se conservadores e colaboracionistas, como os sindicatos ou qualquer organização operário dirigida pela aristocracia operária e o reformismo. É clave uma direção revolucionária para seu desenvolvimento e para que estes triunfem como órgãos da insurreição.
Mas também afirmamos com absoluta clareza que não há nenhuma possibilidade de que se construam direções revolucionárias e que derrotem ao reformismo se não é lutando com as massas por pôr em pé seus organismos soviéticos para a revolução. Com democracia direta e dia por dia, em horas, as massas selecionam suas direções. As vem atuar e as podem mudar.
Só ali, nos soviets, o partido revolucionário poderá conquistar influência de massas. Por isso a tarefa de todas as direções traidoras é impedir que surjam os soviets. É que eles têm um claro instinto de que se estes surgem e se desenvolvem, seu destino estará gravemente comprometido.
As direções traidoras são tão inimigas dos soviets que o primeiro “trabalho sujo” contrarevolucionário do stalinismo, a favor do imperialismo, foi liquidar o regime soviético ao interior da URSS. Isto é, a burocracia stalinista dissolveu o regime de democracia revolucionária dos soviets e instaurou o regime de partido único bonapartista da burocracia. E ali onde se viram obrigados a expropriar á burguesia dedicaram-se a cuidar-se muito bem de que não surgisse nenhum organismo de democracia direta das massas, e instauraram regimes bonapartistas da burocracia desde seus inícios, como no Leste Europeu, China, Cuba, Vietnã, etc.
Dali que toda corrente da aristocracia e a burocracia operária seja inimiga de pôr em pé, antes durante e depois da insurreição, organismos soviéticos e de democracia operária. Em isso jogam sua vida. E os revolucionários jogamos nossa vida na luta de pôr em pé esses organismos. Frente a esta questão se define quem está pela ditadura do proletariado, como o faz a FLTI, e quem é inimigo dela, como todas as correntes dos renegados do trotskismo e demais direciones traidoras da V Internacional.
É que, insistimos, não há nenhuma possibilidade de pôr em pé um partido revolucionário com influência de massas sem ajudar às massas a derrotar ás direções traidoras e conquistar seus organismos para a revolução. Tudo o demais, como fazem todos os renegados do trotskismo, é ideologia barata de pôr em pé partidos socialdemocratas, reformistas, “anticapitalistas”; questão que tão duramente combatemos todos desde a FLTI.

Efetivamente, para que os soviets não se desenvolvam há enormes perigos. A aristocracia e a burocracia operária não desaparecem. É mais, se os soviets surgem, pese a eles entram nos mesmos para transformá-los em colaboracionistas, com o fizeram os mencheviques e os SR na Rússia, os kautskistas na Alemanha, o PS e o PC no Chile e na revolução portuguesa… há milhares de exemplos. Ou como muitas vezes o fizera o stalinismo com sua quinta coluna, rompendo cabeças e assassinando a mancheias pelas costas aos combatentes do proletariado como na Espanha, na revolução portuguesa, etc.
Outras vezes, como Hilferding na Alemanha, propõem a política de soviets combinados com assembléia constituinte. Justamente esta é a política traidora da esquerda nos processos revolucionários. Primeiro, submetem ás massas á democracia burguesa para expropriar a revolução proletária. E se os soviets surgem, procuram transformá-los em organismos desarmados e “de consulta” da constituinte.
Todas estas situações pré-revolucionárias ou revolucionárias, onde tendem a surgir os organismos de duplo poder, devem definir-se. A burguesia procurará liquidar tudo embrião de duplo poder, para que o domínio do Estado burguês se restabeleça plenamente.
Esse é o papel da frente popular: liquidar tudo processo soviético e de ação revolucionária das massas, justamente para que depois, uma vez molhada a pólvora da revolução, “Kornilov” ou o fascismo achatem a revolução.

O proletariado, desde os soviets, deve acaudilhar detrás dele ao conjunto das massas oprimidas para avançar à tomada do poder

Esta é nossa posição sobre os soviets. Nós chamamos a entrar aos soviets a todas as massas em luta empobrecidas do campo e a cidade, para que o proletariado se as dispute á burguesia e as acaudilhe nos soviets. No caso do Egito as consignas motoras, como na Tunísia, que empurram ás massas à revolução, isto é, ao derrocamento revolucionário dos governos e a colocar em grave crise aos Estados semicoloniais são as consignas de pão e trabalho.  Estas são as consignas motoras da revolução operária e socialista que começou que, “de consignas mínimas” se voltam transitórias; é que a burguesia e o imperialismo não o podem conceder; e empurram às massas ao derrocamento revolucionário dos da acima, empurram á expropriação aos banqueiros, e principalmente a romper com o imperialismo e os capitalistas, para que o Egito deixe de ser uma semicolônia do imperialismo ianque.
Estas demandas empurram ás massas aos soviets, ao armamento, a demolir o estado burguês.  Esse é o caráter de classe dos soviets que há que pôr em pé e fazer madurar na revolução que começou no Egito. Inclusive ante a pauperização das amplas capas da classe média, a demanda de trabalho e de salário digno as agrupa, como á classe média de “colho branco” (funcionários administrativos o funcionários públicos, NdT), que inclusive quebraram e está em bancarrota, e vão junto ao proletariado em sua luta pelo pão.
A demanda de pão, paz e terra da revolução russa, como demandas mínimas e democráticas significavam -como explica extensamente Trotsky em seu trabalho “A onde vai a França?” contra o stalinismo que queria dar-lhe a estas consignas um caráter reformista-: para obter a paz, enfrentar a guerra interimperialista, dar volta a fuzil, enfrentar abertamente ao imperialismo mundial e confraternizar com o proletariado europeu; para obter a terra, significava expropriar a  toda a autocracia e os latifundiários e com eles a toda a burguesia; para obter o pão, expropriar aos grandes monopolizadores dos alimentos, aos banqueiro e a todas as correntes de comercialização que no meio da guerra fizeram fabulosos negócios sobre a fome do proletariado.
A demanda de terra e paz punia ao proletariado como caudilho da revolução e arrastar aos camponeses pobres para estabelecer uma aliança de classe, é que acaudilhando ao camponês lhe permita fazer-se do poder, ganhando para a revolução a amplas capas dos camponeses pobres. Lenine afirmava que estas consignas como a de paz e terra foram as que dissolveram e desarticularam ás tropas que, da frente de batalha da primeira  guerra interimperialista, trazia Kornilov a achatar ao proletariado revolucionário. Isto permitiu a debandada das tropas de Kornilov (de base camponesa) antes de sua chegada ao Petrogrado.
Em isto não há nem podemos ter nenhuma diferença, os trotskistas somos inimigos das revoluções “populares” dos “soviets populares” que falam de povo em general sem classes, como fala o stalinismo para submeter ao proletariado á burguesia, que a considera parte do povo. Mas também não vamos ser “obreiristas” e propor que o proletariado só, por mais numeroso que seja não precisa ganhar-se às classes médias para tomar o poder e conquistar uma revolução vitoriosa.
No Egito a demanda, como já dizemos e afirmamos, de expropriação do banqueiro sem pagamento e sob controle operário, significa dar-lhe crédito barato ao pequeno camponês ou ao pequeno burguês arruinado da cidade, como a expropriação dos capitalistas significa dar-lhe um salário digno aos trabalhadores de “colho branco” e os profissionais (isto é a moderna classe média ao dizer de Trotsky) que trabalham por salários miseráveis no aparelho estatal. Isto é clave, já que esta pequeno burguesia arruinada é base fundamental desse movimento pequeno burguês “6 de abril”, que tentará a cada passo, trocar o pão e o trabalho por “liberdade e democracia”. O proletariado a deve dividir, partir ou neutralizar, já que se não é assim presenciaremos mais cedo que tarde o aborto “democrático” da revolução operária, como o preparam em última instância Obama, El-Baradei e os Irmãos Muçulmanos.

Justamente organizar ás amplas massas em luta com o proletariado, nas ruas, é o que permite, como já dissemos, partir á base do exército, legitimar o acionar da milícia operária, debilitar e deixar pendurado do ar ao Estado burguês, e criar as melhores condições para uma insurreição operária vitoriosa que conquiste o poder soviético no Egito, como parte da luta por uma Federação de  Republicas Operárias Socialistas e soviéticas no Oriente Médio e o Norte da África.
Em definitiva, para nós os soviets são grandes organismos da frente única da classe operária e as capas exploradas da pequena burguesia do campo e a cidade, ás que o proletariado deve ganhar com um programa de expropriação dos capitalistas para preparar, com suas milícias operárias e seu comitê de soldados, a tomada do poder.
Nossa posição não é levantar “soviets operários e populares” em geral. Nossa posição é pôr em pé, estender, desenvolver, centralizar e armar a todos os organismos de autodeterminação e democracia direta das massas em luta ao início de toda situação revolucionária ou pré-revolucionária. Para que o proletariado com um programa revolucionário acaudilhe ao resto das capas e setores das massas oprimidos da sociedade. Em última instância colocar ao proletariado como caudilho da revolução proletária, única forma de liberar á nação oprimida.
Insistimos, por exemplo, hoje no Egito, vocês detectaram que setores das massas estão constituindo “comitês populares revolucionários”. Adiante! Há que estendê-los e desenvolvê-los. Há que formar comitês populares revolucionários de fábrica, de operários, de desempregados, de soldados; comitês de abastecimento, comitês pela moradia, comitês de vigilância de preços, etc. Trata-se de organizar a todas as massas que estão entrando na mareia revolucionária, para que elas tomem a resolução da crise em suas mãos e não deleguem nada de nada nos partidos burgueses e na casta de oficiais, que agora tenta posar de “democrática” e “nacional”.
Justamente, esses organismos, instituições e programa são os que lhe contrapomos ao pacto e a conspiração de costas das massas entre a Irmandade Muçulmana nesse El-Baradei, que baixo a direção dos Clinton e a casta de oficiais hoje intentam arrebatar-lhe às massas sua luta pelo pão, o trabalho e o derrocamento revolucionário de Mubarak. Não o podemos permitir. Disso se trata o plano do reformismo e a burguesia para fechar a crise revolucionária que há no Egito.
Dizem que vão outorgar-lhe “democracia” às massas e “terminar com a ditadura de Mubarak”. Mentira. Isto é um engano. As liberdades democráticas e a caía de Mubarak que se esta vinda já foi conquistadas pelas massas em sua luta, com centenas de mortos e milhares de feridos. Só aprofundando esse combate e tomando o poder poderemos ter a terra, o pão e o trabalho.
Isto é, a luta do partido revolucionário pelos soviets está intimamente ligada com um programa de ação revolucionária que lhe permita ás massas e sua vanguarda superar ás direções liquidacionistas dos soviets e da luta revolucionária das massas.

Por um programa de ação revolucionário para conquistar a unidade da classe operária e os explorados e derrotar as armadilhas das direções colaboracionistas!

As velhas direções colaboracionistas dos sindicatos e o movimento pequeno burguês “6 de abril” chamam a uma marcha de um milhão de pessoas e a uma greve geral para o primeiro de fevereiro.
As massas foram mais lá que uma marcha de um milhão de pessoas e uma greve geral. Paralisaram o país. Já faz momento estão ante as portas de poder. Têm começado a desarmar á polícia.
As direções colaboracionistas e o movimento “6 de abril” querem legitimar a uma direção burocrática e pequeno burguesa que não jogou nenhum papel decisivo na luta revolucionária que já leva dias e semanas.
Mas assim mesmo não podemos ser abstencionistas frente a esta armadilha. Dizem greve geral? Então; Tomemos todas as fábricas, e pôr-las a produzir já sob controle dos trabalhadores! Greve geral? Sim, pelo pão. Expropriação de todos os bancos, que são os donos de Cargill, Bunge e demais cerealíferas, que têm em suas mãos e açambarcam o trigo e o azeite! Comitês de abastecimento, para expropriar aos grandes supermercados e á grande burguesia comercial e agrária!
Propõem Marcha de um milhão? Pois bem, organizemos nessa marcha na praça central, o símbolo das massas em luta, um grande congresso de delegados de base de todo o movimento operário, os soldados rasos, as milícias que já se armaram, para que ali se ponha em pé um grande parlamento operário e dos setores empobrecidos do campo e a cidade que se faça do poder.
Que autoridade tem El-Baradei no Egito, mandado pela Clinton, acima dos milhões que combateram contra Mubarak? Que autoridade têm os Irmãos Muçulmanos para pactuar um governo com Clinton e Mubarak em nome da “democracia”, quando junto com Hamas, Mubarak, o imperialismo francês e norte-americano, e o estado assassino de Israel querem garantir um plano de “Dois Estados” e de reconhecimento do Estado sionista de ocupação? Que autoridade tem as forças armadas e sua casta de oficiais assassina, servente e sócia do imperialismo ianque, para “defender a democracia”? Os filhos dos operários e dos setores empobrecidos do campo e a cidade têm que passar-se do lado da revolução e pôr em pé comitês de soldados.

As tarefas internacionalistas da revolução operária do Egito e Tunísia. Pela destruição do estado sionista-fascista de Israel! Por uma só revolução operária e socialista do norte da África e todo Oriente Médio!

Os trotskistas, estrategistas da revolução proletária, devemos dizer-lhe a verdade à classe operária mundial, e de Oriente Médio em particular: o exército sionista fascista de Israel é parte da mesma casta de oficiais contrarevolucionária do Egito, sob o comando de Obama e o imperialismo. São os Irmãos Muçulmanos e Hamas os que sustentam ao muro de Rafah.
Vai-lhe a vida à classe operária do Egito em forjar sua unidade com a classe operária palestina. É que, se a revolução no Egito avança, e é demolida essa casta de oficiais assassina do exército do Egito, servente do imperialismo, entrará o exército sionista para massacrar às massas egípcias e sua heróica revolução que começou. E o fará sendo chamado pela burguesia do Egito e o imperialismo, como ontem o fez no Líbano ou massacrando a dezenas de milhes de operários palestinos na Jordânia. De ali que o combate pela revolução operária e o derrocamento do Mubarak no Egito é inseparável dá a luta por:

Pela derrota militar do Estado sionista contrarevolucionário de Israel!
Abaixo o plano “de paz” e dos “dois estados”!
Abaixo a política de colaboração de Hamas e Al Fatah com o imperialismo e o sionismo para dividir á nação palestino!
Por uma assembléia nacional das massas palestinas da Jordânia, do Líbano, e todo o território histórico da Palestina ocupada!
Isto é parte inseparável da luta pelo triunfo da revolução no Egito, que só poderá triunfar como revolução socialista em tudo Oriente Médio. Já o mesmo imperialismo se aterroriza já que a revolução que começou no Egito é uma revolução bisagra, entre o levantamento das massas e os povos oprimidos do Norte da África e o combate pela revolução no Oriente Médio que, depois da derrota do Iraque e os massacres imperialistas na Palestina, pode voltar a pôr de pé e á ofensiva a todas as massas do Oriente Médio.

No Egito, a questão é para onde se define a crise revolucionária que há nas alturas; se é em favor das massas, organizando-se em organismos de autodeterminação, soviéticos, armados, que se plantem como um duplo poder; ou se a crise revolucionária se fecha em favor dos exploradores com um governo burguês não eleito por ninguém e que não tem legitimidade nem autoridade alguma, salvo para ser outro colarinho do mesmo cachorro que era Mubarak. A esse governo de transição, expropriador da revolução, os renegados do trotskismo lhe propõem que se legitime com uma assembléia constituinte Propõem-lhe uma forma mais edulcorada para manter a ditadura do capital ante o embate da revolução.
Na Tunísia ante a queda de Ben Alí, tentaram fazer isto, não já com um governo de transição de unidade nacional, senão tentando incorporar ao governo e ao gabinete aos ministros operários dos sindicatos da UGTT, questão que foi recusada rotundamente pelas massas, que não querem deixar pedra sobre pedra não só do regime ditatorial e policial, senão também de todas as direções que colaboraram com ele.
Por isso, no Egito também a revolução se define em que tão cedo as massas palestinas da Gaza, Cisjordânia, Líbano, Síria, e Jordânia mesma empurrem o processo revolucionário que estallou na Tunísia e que ameaça com incendiar tudo Oriente Médio. Isto é o único que vai impedir o plano contrarevolucionário que propõe cercar a revolução que começou. Como fizeram com a revolução boliviana, sou plano é cercá-la, com Hamas e os Irmãos Muçulmanos rodeando o muro de Rafah para que não seja derrubado pelas massas e pelo início da revolução em tudo Oriente Médio.
É que a revolução no Egito somente poderá avançar e aprofundar-se não só conquistando um regime de duplo poder que prepare uma insurreição vitoriosa no Egito, senão que triunfará também estendendo a chispa da Tunísia que incendiou toda África, e agora com Egito ameaça a incendiar tudo Oriente Médio.
No caráter do combate internacionalista das massas do Egito, Oriente Médio e a Europa se definirá a dinâmica e o curso da revolução que começou.
Chegou à hora de que volte a revolução iraniana. Porque esse é o Egito insurrecto de hoje. Que voltem os conselhos operários (Shoras) no Irã! Só assim se conseguirá democracia e se terminará com o regime de opróbrio, de fome, miséria e entrega nacional dos aiatolás.
As tarefas internacionais da classe operária de Egito são enormes, como também as tarefas internacionalistas do proletariado mundial com a revolução que ali começou.
Apoiado no regime sipaio do Egito e do gendarme Estado sionista do Israel, o imperialismo massacro no Iraque. Todas as frações da burguesia xiita e sunita entraram ao regime do protetorado ianque no Iraque, entregando a resistência para que seja massacrada.
   Que se estenda a Iraque o levantamento do Egito! Pela derrota militar do imperialismo ianque no Iraque! Que volte a pôr-se em pé a marcha do milhão de operários contra a guerra nos EUA! Que voltem a parar os portos de Oakland, para que não vá nem uma espingarda, nenhum tanque mais ao estado assassino do Israel, ás burguesias de tudo Oriente Médio serventes do imperialismo; e que se embarquem armas e alimentos para as massas insurretas!
Visto desde aqui se compreende o terror do imperialismo e a burguesia mundial ante a revolução que começou no Egito. A burguesia percebe perfeitamente o caráter de “bomba atômica” para seus interesses que tem o avanço duma revolução vitoriosa do Egito para tudo Oriente Médio, Europa e EUA.

A revolução do norte da África e Oriente Médio é um novo teste ácido que revela a bancarrota dos renegados do trotskismo, devindos em conselheiros da burguesia “democrática”.

As direções traidoras impedem no Norte da África e Oriente Médio se concentrem as forças do proletariado mundial. A tarefa dos trotskistas é propor valentemente, a nível internacional, ante os olhos de todo o proletariado mundial e de Oriente Médio e Egito em particular, o enorme combate e possibilidades de triunfo que estão por diante.
A burguesia e seus regimes não estão fortes. As cabeças de seus ditadores rodam no Norte da África e Oriente Médio. La predisposição ao combate das massas da Europa é enorme.
Sua fortaleza hoje reside só no sustento das direções traidoras do proletariado no meio de sua bancarrota.
Nesta perspectiva é que a alternativa já é de ferro. Ou destruição do Estado burguês, desmantelamento de sua maquinaria contra-revolucionária de homens armados serventes do imperialismo e avançar á revolução para que tenha pão, trabalho, terra, liberdade e independência nacional; ou segue o mesmo cachorro com diferente colarinho, enfeitado com as tachas do reformismo.

É muito bom, desde meu ponto de vista, que novos acontecimentos e novas revoluções nos proponham os debates chaves do marxismo sobre a ditadura do proletariado. Aproveitemos a oportunidade que nos dá esta onda de revoluções que começou no Norte da África. Ali, os organismos de luta política de massas ainda são embrionários. Prima à espontaneidade das massas, em suas ações.
Os reformistas e a burguesia se tem dedicado totalmente para que não surjam nem se desenvolvam os soviets, os organismos de duplo poder, de autodeterminação das massas, de democracia direta; como o são as milícias que surgem pelo desarmamento das delegacias, ou como o são os comitês de operários e comitês de fábricas que estão arrastando ao proletariado ao combate nas ruas.
Muito inteligentemente, a burguesia tirou ao exército ás ruas e o tenta fazer passar como “neutral”. O exército não é neutral. A banda de homens armados e sua casta de oficiais fazem parte da conspiração, junto a Obama, os Clinton e Mubarak, contra a revolução operária que começou.
É de vida ou morte que as massas exploradas vejam não só como inimigo á assassina polícia segreda e á polícia, senão também á casta de oficiais que sustentou durante 30 anos ao assassino Mubarak. Isso há que dizer-lhes aos soldados rasos, que têm que optar: Com os operários e os setores empobrecidos do campo e a cidade pelo pão e o trabalho, contra o Estado sionista fascista de Israel, junto às martirizadas massas palestinas; ou com a casta de oficiais sustentando a Mubarak e seus sustentadores de ontem -como os Irmãos Muçulmanos- e de hoje, como El-Baradei.
Por isso, que à “marcha do milhão de homens” a encabece os tanques com os soldados rasos, os operários, e as milícias dos explorados. Assim se acabariam em um segundo Mubarak e seu odiado regime.
Aos soldados rasos lhes propomos: “Com as massas do Iraque e do Afeganistão, invadidas pelas tropas imperialistas; ou com a casta de oficiais gurka servente do Bush, Obama e o sionismo para massacrar às massas de Oriente Médio.”
A luta por comitês de soldados e por destruir á casta de oficiais fecha também a outra alternativa de saída que tem a burguesia, que é a de impor um governo militar “nacionalista” para desviar a investida revolucionária das massas. Não o podemos permitir. Como também não podemos permitir a política sinistra do reformismo e os renegados do trotskismo de dar-lhe conselhos á burguesia e seu Estado sobre como sair de sua crise. “Façam uma assembléia constituinte nacional e dêem muita democracia” lhes dizem.
Assim o reformismo utiliza as demandas de democracia extrema não como um degrau na luta da classe operária senão como uma armadilha em sua luta para estrangulá-la. Porque somente um governo provisório revolucionário de operários e setores empobrecidos da cidade e o campo, sustentado nos organismos de autodeterminação e armamento das massas poderá chamar a uma assembléia constituinte realmente soberana e democrática, para garantir, com armas nas mãos, que se rompa com o imperialismo. Sem armamento não há pão, nem sequer democracia nem liberdade e nem que falar de conseguir a independência nacional.

Desde a FLTI, então, fugimos de toda posição normativista sobre os soviets e de mistificação dos mesmos. São organismos de luta política, que há que armá-los para tomar o poder.
Quando Lenine e Trotsky alertavam que entravam oportunistas e carreiristas (Kerensky, os mencheviques, os charlatães socialdemocratas, etc.), o ponto do combate esteve centrado no programa dos bolcheviques de “todo o poder aos soviets” como única forma de conseguir o pão, a paz e a terra.
Primeiro, foi uma explicação paciente. Depois, com tácticas como a de “Abaixo os ministros capitalistas!”, com a que demonstraram à ampla maioria de os explorados que os charlatães, oportunistas e carreiristas preferiam fazer um acordo com o partido kadete antes de tomar eles o poder e governar em favor dos operários e os camponeses.
Logo depois veio a derrota de Kornilov, ao que os bolcheviques se enfrentaram com uma tática de frente única nas ruas, sustentando a Kerensky como a corda sustenta ao enforcado. Mas depois, quando seguem os soviets colaboracionistas e em setembro o partido bolchevique dúvida em tomar o poder, e as condições começam a descompor-se, Lenine não tem nenhum problema em propor “tomemos o poder com os comitês de fábrica e a guarda vermelha do soviet”.

 Quando a direção do partido bolchevique tinha posições mais e mais centristas respeito de organizar já a insurreição, Lenine propunha, já com maioria bolchevique nos soviets, tomar o poder inclusive com a guarda militar do partido. Mencheviques e SR incitavam com o chamado a uma constituinte e Lenine afirmava: “Sim, quanto antes, se a chamam a utilizaremos para explicar que somente tomando o poder pelos soviets se resolveram os problemas das massas”. E afirmava que uma república operária é um milhão de vezes mais democrática que até a mais democrática das repúblicas burguesas parlamentares. No soviet está a ampla maioria de a população que decide democraticamente dia por dia seus assuntos, com democracia direta e sobretudo com armas nas mãos para fazer cumprir tudo o que resolve. É más, ainda depois de tomar o poder, os bolcheviques chamaram a uma assembléia constituinte para explicar e demonstrar que não dava nem a paz, nem a terra, nem o pão, terminou sendo uma assembléia constituinte com o porteiro do edifício golpeando as mãos dizendo, “bom se vão todos, por favor”.
Tudo, inclusive constituinte quanto antes, era para explicar e fortalecer a luta por todo o poder aos soviets. Os reformistas, os renegados do trotskismo, estão num ângulo de 180 graus da política leninista, seu programa é todo o poder à assembléia constituinte, aos parlamentos democráticos burgueses, para salvar ao Estado burguês da revolução proletária. Não estamos frente de parteiros da revolução senão frente de aborteiros da mesma.
Camaradas, os soviets são um médio para a insurreição, como os sindicatos são um médio para a luta econômica. Os soviets som os organismos para a insurreição, e nos passos prévios, para que as massas tomem todos os problemas em suas mãos, independetizar-se do estado burguês.
Creio que a discussão sobre os soviets é estratégica, porque ali madurará o partido revolucionário capaz de dirigir a tomada do poder. Sem este partido, os soviets, como qualquer organização de luta da classe operária, voltam-se totalmente impotentes em mãos das direções colaboracionistas e reformistas.

Chegou a hora de aprofundar a luta por reagrupar, ao calor da revolução da Tunísia e o Egito, ás forças sãs do movimento trotskista internacional, as organizações operárias revolucionárias a no caminho de refundar a IV Internacional

Como vemos a situação do Egito, como ontem na Tunísia, e como se prepara a estourar hoje na Jordânia, Síria, Iêmen, Argélia, devem concentrar -e já concentram- a atenção de todos os revolucionários internacionalistas. O reformismo ficou pintando um teto sem a escada. Só balbucia.
A burguesia, aterrorizada, vê que se roda a cabeça de Mubarak se levanta novamente a revolução palestina, mas esta vez junto a seus irmãos palestinos da Jordânia, Líbano e Síria. A burguesia e o imperialismo vêm derrubar-se dia trais dia seus dispositivos contrarevolucionários do Estado egípcio sob as ordens de Mubarak, aliado indestrutível do Estado sionista contrarevolucionário do Israel. Isto ameaça com desbaratar o controle imperialista de toda a região.
Estamos presenciando, assim mesmo, o desmascaramento das burguesias nativas como serventes e sócias do imperialismo, como na Bolívia, onde os “bolivarianos” impuseram um brutal aumento da nafta.
No Oriente Médio, Hamas, junto aos Irmãos Muçulmanos do Egito, impede que se derrube o muro de Rafah. Inclusive fazem um “cordão humano” para que isto não suceda.
Os Irmãos Muçulmanos eram irmãos de Mubarak, com o que pactuavam, junto a Hamas e sob a direção de Obama e o imperialismo ianque, a rendição das massas palestinas.
Frente á fome e os padecimentos inacreditáveis das massas, o strip tease do inimigo já é evidente.
As massas do norte da África estão demonstrando que somente derrotando nas ruas aos governos e regimes da burguesia e o imperialismo se pode avançar a dar uma luta minimamente séria pelo pão e o trabalho. São a verdadeira chama que pode voltar a incendiar á classe operária européia, que para conseguir pão e trabalho deverá derrocar revolucionariamente á V república francesa, á monarquia espanhola e inglesa, ao regime do Bundesbank e os das demais potências imperialistas, junto ao parlamento e a Europa imperialista de Maastricht.
Mas, o que é mais importante ainda, é que os combates revolucionários do norte da África já demonstram que foi deslocado também o dispositivo do reformismo, que chamou á classe operária na Europa e a nível mundial “a regular os ajustes”, a pedir “retificação” dos mais brutais ataques contra a classe operária da Europa e dos EUA, enquanto chamou a submeter á classe operária aos imperialismos “democráticos” e as burguesias “bolivarianas” na America Latina ou “nacionalistas” na África e Oriente Médio.
Os reformistas estão num sério aperto. Hoje, as ações revolucionárias de massas já começam a utilizar a linguagem do programa do trotskismo. Ontem dissemos “estamos e continuamos mal porque não tomamos o poder nem na Grécia, nem na Bolívia, nem na França, nem na Guadalupe, nem no Madagáscar”. Hoje, as massas da África do norte propõem essa perspectiva para triunfar.
O reformismo ficou abertamente do lado da burguesia. Todos seus partidos conspiram contra as massas para impedir o início e o triunfo da revolução. Calham que se fazem “gasolinaços”, como na Bolívia, e se largam pacotes de aumento da carestia da vida e um desemprego crônico -que significam padecimentos inacreditáveis das massas- porque um punhado de cerealíferas, para fazer suculentos lucros, tem monopolizado todos os “commoditties” do planeta.
Calam e silenciam que em Wall Street, no Bundesbank, na city de Tóquio e de Londres figuram valores que estão 10 vezes acima do valor de cada bem produzido pelo trabalho humano, o que indica que o capitalismo já se está comendo os bens e riquezas que nem sequer produziu, e isto é a causa fundamental da inflação.
Negam-se a explicar ás massas que os EUA emitem dólares falsos, sem respaldo, para cobrir seus déficits e entregar-los a seus bancos, para que estes os prestem com interesses usurários ao mundo colonial e semicolonial, e inclusive aos próprios países imperialistas afundados, que devem aplicar mais e mais ataques contra a classe operária.
Somente o trotskismo explicou que (a classe operária, NdT) não terá pão, trabalho nem terra se não expropriamos aos banqueiros do Wall Street, da city de Londres, e se não coordenamos e centralizamos o combate da classe operária do mundo colonial e semicolonial e os povos oprimidos do mundo com o proletariado dos países imperialistas, que é atacado ao mesmo nível que as massas do mundo semicolonial, e avançamos ao triunfo da revolução socialista internacional.
Estas condições não deixaram viver em paz ao reformismo. Não viverão em paz esses partidos “anticapitalistas” que sustentam ao capitalismo. Não viverão em paz os que falam de “socialismo” e só lhe dão receitas aos regimes decrépitos dos Estados semicoloniais para que, com uma passada de pintura “democrática”, estes se mantenham.
Estas condições não deixaram viver em paz ao reformismo. Não viveram em paz esses partidos “anticapitalistas” que sustentam ao capitalismo. Não viveram em paz os que falam de “socialismo” e só lhe dão receitas aos regimes decrépitos dos Estados semicoloniais para que, com uma passada de pintura “democrática”, estes se mantenham.
Não poderá viver em paz -e estouraram em vinte mil pedaços- quem tem dito á classe operária espanhola, grega, francesa, inglesa, etc. que havia que fazer “um Maastricht mais social” e não o derrocar, como tentam faze-lho as massas do norte da África e Oriente Médio com seus regimes e governos.

A inflação e a recessão nos países capitalistas centrais, e as super lucros do capital financeiro parasitário, assentadas na decadência das forças produtivas e nas misérias das massas, chocam hoje como revolução e contrarevolução a nível mundial.
O capitalismo promete “novas revoluções tecnológicas” e com seus golpes contra as massas, só manda á idade média à absoluta maioria do planeta. Nenhum dos estados maiores do reformismo nem a V Internacional tem chamado ás massas nem sequer a realizar um 0,1% das ações revolucionárias do que estas realizaram na Tunísia e no Egito.
Chegou a hora de romper o cerco do movimento revolucionário e dar um salto para adiante para refundar a IV Internacional. Pão e terra, e todo o poder aos soviets! Para comer: revolução socialista, expropriar aos banqueiros de Wall Street e o Bundesbank; centralizar as forças internacionais da classe operária para preparar uma ofensiva revolucionária que jogue fora a Mubarak, Obama, Sarkozy, aos assassinos da Rússia Branca de Putin-Medvedev, às miseráveis burguesias negras da África, serventes do imperialismo, e as burguesias nativas do Oriente Médio e America Latina. Chegou a hora de convocar novamente a uma nova conferência internacional das organizações operárias revolucionárias e das forças sãs do movimento trotskista internacional, para sentar as bases para refundar a IV Internacional sob o programa de 1938.

Um forte abraço
Secretariado de Coordenação Internacional

 

| contactenos