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volver ao índice do OOI Nº 11

Declaração da 25/01/2011 do FLTI:

Fora o governo de “unidade” dos lacaios imperialistas!

O imperialismo está manobrando para neutralizar os comitês de proteção e supervisão da revolução

Durante a primeira etapa da atual revolução das massas da Tunísia que puseram em pé seus próprios organismo de auto-governo, os chamados Comitês de Proteção e Supervisão da Revolução. Estes comitês estão formados, principalmente pelos trabalhadores, desempregados, os camponeses pobres e se basearam na destruição das delegacias, desarmando a polícia e armando às massas. O imperialismo mediante suas ONGs na Tunísia está mostrando que eles querem pôr em pé um conselho dirigente de “proteção” da revolução. Isto é uma tentativa de hackear a revolução e neutralizá-la e sacá-la de sua essência. Qualquer conselho que se proclame “salvador” da revolução deve ser baseado em delegados de todos os comitês de base, baseados no desarmamento da polícia, debandando ao exército e armar às massas. A composição de todos esses comitês e conselhos, desde acima para abaixo, deve de excluir à classe média alta, qualquer capitalista, qualquer membro da casta de oficiais do exército, qualquer carreirista. Esses conselhos podem só ter um significado se é baseado na expropriação de todos os capitalistas na Tunísia e todos os bens imperialistas, sem indenização aos capitalistas, e sob controle operário.

A ameaça do golpe militar

A direção da UGTT (União Geral de Trabalhadores de Tunísia) está vinculada à perigosa tarefa de dar apoio aberto à direção do exército, ao General Rashid Ammar só porque ele deu ordens ao exército de não disparar aos manifestantes. O imperialismo foi o que lhe sugeriu ao general que não dispare aos manifestantes porque o exército conscrito tivesse desobedecido e ido do lado da revolução. Os soldados não tivessem disparado a suas próprias famílias. O imperialismo dá conta disto e manobra para manter o controle do exército. A direção da UGTT (e a esquerda que os apóia) joga o papel de traidores, impulsionando a postura de um agente do imperialismo, o Geral Ammar. Se o imperialismo não pode controlar às massas, o imperialismo deveria resolvê-lo com um golpe militar. Mas isto só pode passar com um banho de sangue das massas já que o domínio do General seria baseado, não só no exército, senão que na

polícia odiada. O general não expropriará os capitalistas tunisianos nem os bens imperialistas. Estando atado ao capital, o geral continuará a ofensiva com os altos preços e o maior desemprego contra as massas –não uma “defesa” da revolução, senão derrotando-a. Mais do que nunca os comitês de base em Kasserin e outras áreas precisam incorporar soldados rasos em suas filas, treinando e armando às massas, preparando-se encurtar e impedir uma possível contra-revolução pelo imperialismo.
O imperialismo esta preparando dia e noite atacar e derrotar a revolução. Chamamos à classe operária nos países vizinhos: Argélia, Líbia, França, Itália, Grécia, Espanha e além no Marrocos, Egito, Turquia, Alemanha, Inglaterra, Portugal, Arábia Saudita, Iraque, România, Rússia, EUA, para preparar o levantamento em defesa da Revolução da Tunísia, contra seus próprios regimes. Fora todos os ditadores, já sejam militares ou posicionando-se como “constitucional democrático”. Obama e Sarkozy têm sangue em suas mãos.

Sobre o suposto período de duelo de três dias


O governo de “unidade” ilegítimo esta desesperado por começar a ganhar credibilidade e esconder sua falta de apoio entre as massas. É por isto que o imperialismo lhe deu instruções de chamar a 3 dias de “luto”. Estão-se reunindo com seus aliados neste período incluindo aos dirigentes da UGTT para planificar seus próximos passos no estrangulamento da revolução da Tunísia. Imaginem, os assassinos de uns 200 tunisianos estão levando adiante o chamado a duelo pelos que eles massacraram! Quem pode realmente tomá-los em sério? Só os traidores da revolução. O primeiro passo, que qualquer regime democrático deveria ter tomado, tivesse sido o levantamento do estado de sito para que as massas possam exercer sua nova ganhada liberdade a associar-se e a reunir-se com quem queira que elejam. Também tivessem posto em debandada à polícia, a mesma que perpetrou os assassinatos, e a tivesse posto ante um tribunal operário. O governo de “unidade” não pode nem sequer tomar estes passos básicos porque seu objetivo real é estrangular a revolução. O objetivo real do estado de sitio é impedir que as massas se reúnam e se organizem para tomar o poder em suas próprias mãos. Não teve estado de sitio para a família de Ben Ali quando se foram com uma tonelada e meia de ouro. O governo de “unidade” foi cúmplice neste roubo das massas tunisianas. É por isto que a demanda central deve ser: Fora o governo de “unidade” dos lacaios imperialistas! Expropriação de Ben Ali e todos os capitalistas tunisianos! Expropriação de todas as propriedades imperialistas! Por um governo operário e dos camponeses pobres!

O regime tunisiano do RCD é um lacaio do imperialismo

São o imperialismo francês e dos EUA os principais responsáveis da fome das massas tunisianas. Quando a dominação colonial direta do imperialismo francês já não era mais possível, sob a ameaça da revolução por parte das massas tunisianas, a Tunísia se lhe outorgou uma independência política limitada em 1956. O manejo da economia foi dado a uma elite local enquanto em realidade o imperialismo manteve o controle do mais importante da economia. Este processo foi replicado em toda a África onde a classe média local usurpou a luta revolucionária das massas.

O papel do stalinismo (e da “esquerda” que capitula ante eles) apoiando a dominação imperialista

Os Partidos Comunistas Stalinistas (PCs) jogaram um importante papel contra-revolucionário recusando-se a chamar à classe operária a que tome o poder em suas próprias mãos e apoiando á pequeno burguesia local (dirigindo os movimentos revolucionários nacionais) para converter-se em novos gerentes do imperialismo. Os pan-africanos que tomaram os países, montando-se sobre as costas das massas da África, também foram sustentados pela “esquerda” de todo o mundo que os etiquetavam como líderes “socialistas”. Inclusive Mugabe, Nasser e Bourguiba (o primeiro presidente do governo tunisiano do RCD) foram também etiquetados como “socialistas” nesse então pela “esquerda”.

 O que era central para o controle das massas era a visão de “socialismo nacional”, em outras palavras, a possibilidade de conseguir o socialismo numa semi-colônia sem a classe operária tendo que tomar o poder nos centros imperialistas. Ainda mais, o caminho ao socialismo (assim os PCs argumentavam) requeria da dominação durante muitos anos da classe media Africana. Assim, a política do stalinismo e a capitulação da “esquerda” mundial ao stalinismo é o que sustentou o saque imperialista na África durante os últimos 60 anos. Especificamente, enquanto o RCD se mantinha com uma brutal dominação policial desde 1956 (há 150.000 polícias na Tunísia), o imperialismo também sustentava ao regime tunisiano através do apoio do movimento dos sindicatos, a UGTT, e principalmente do apoio do stalinismo (através do PC - o Ettajdid) e os maoístas (PCOT) e a “esquerda”, todos eles dirigem em diferentes graus estes movimentos sindicais. Os dirigentes da UGTT têm consistentemente apoiado o regime do RCD através dos massacres das massas por anos; apoiaram os programas estruturais de ajuste do FMI, o colapso da agricultura auto-suficiente como parte das demandas da imperialista OMC (Organização Mundial do Comercio) e ao princípio, abertamente se opuseram a esta revolução das massas tunisianas. Concordaram enviar 3 dirigentes a ser parte do governo de “unidade” do RCD, até que as massas rodearam seus quartéis (locais) e ameaçaram com derrocar a toda a direção da UGTT. Ainda quando as massas estavam nas ruas atirando o regime do RCD (depois o imperialismo lhe disse a Abedine Ben Ali que tome o próximo vôo a Arábia Saudita), os dirigentes da UGTT estavam ainda dizendo que estavam preparados a aceitar a Ghannouchi “Premiê”, sendo ele mesmo um ministro do RCD desde 1999. (Ghannouchi é um ex diretor do FMI imperialista - Fundo Monetário Internacional). A direção da UGTT é um dos principais pilares do imperialismo para controlar às massas.
A isto lhe segue que a tarefa mais imediata das massas revolucionárias é estender as estruturas em luta dos Comitês para a Proteção e Supervisão da Revolução a todos os lugares de trabalho, granjas, minas, de fato em todos os cantos da Tunísia, estes comitês precisam estar centralizados num conselho nacional dos Comitês de Proteção e Supervisão da Revolução, com delegados dos comitês regionais e locais, com delegados de todos os lugares de trabalho, delegados de desempregados, dos camponeses pobres, dos soldados de base. Como parte destes comitês deve de generalizar-se a milícia operária armada que dirigirá ás massas para derrotar aos bandidos armados do regime de Ben Ali e porá em debandada e deslocará completamente todas as delegacias, o bastão de Ben Ali e do terror imperialista durante anos.
É este Conselho Central de delegados dos Comitês Regionais e Locais de Proteção e Supervisão da Revolução o que deve tomar o poder em suas próprias mãos e constituir o governo operário e de camponeses pobres. Isto pode ser só baseado na expropriação da classe capitalista tunisiana e todos os bens imperialistas.
A isto lhe segue como uma tarefa democrática imediata a expulsão da direção pró-imperialista da UGTT, começando por Abdessalem Jared, e purgar a estrutura estalinista da UGTT que está baseada num controle burocrático de uma pequena camarilha.
Ghannouchi é um verdadeiro Principe Lyvov (uma ferramenta do imperialismo para tentar e dar-lhe um final à crise capitalista do regime e evitar que a classe operária tome o poder). Ele e seu governo de “unidade” devem ir-se agora!
Apesar das ações das massas o ex Partido Comunista de Tunísia, o Ettajdid, é ainda parte do governo de unidade, aclamando que Ghannouchi não tem laços com o RCD- um melhor sustentador do imperialismo dentro do movimento operário é difícil de encontrar. Por isto, Ghannouchi, Mebazaa, Jared e todos os dirigentes do RCD e Ettajdid deveriam enfrentar um tribunal operário por seus crimes contra as massas tunisianas.
O imperialismo sempre sustenta a muitos agentes (diferentes partidos políticos e/ou diferentes dirigentes), então, quando um agente se desprestigia ante os olhos das massas, trabalham para retomar o controle através de outros agentes que têm estado preparando desde faz tempo.

A revolução tunisiana está sendo levada a cabo pela classe operária tunisiana que sendo reprimida durante muitos anos, rompeu com seu regime, todos os partidos políticos burgueses e com a direção da UGTT. Contra as massas tunisianas está o imperialismo mundial, todos os partidos burgueses, os stalinistas e a falsa esquerda, todos eles estão centralizados a nível mundial. Com as massas tunisianas está a classe operária mundial e a possibilidade real de que a revolução tunisiana seja exportada não só ao Norte da África, o resto da África e Oriente Médio, senão também, aos centros imperialistas.
É por isto que o imperialismo francês e de EUA aconselharam a Ben Ali a que se tome o primeiro vôo a Arábia Saudita. A própria imagem das massas diretamente derrocando ao regime de Ben Ali e submetendo-o a este e a seus secuaces à justiça operária é o que o imperialismo queria evitar a qualquer custo- isto tivesse dado à classe operária mundial um claro exemplo de como combater a ofensiva capitalista imperialista mundial. Isto é o que os imperialistas e seus agentes escondem e o que querem minimizar. Trabalham dia e noite para tampar que a revolução operária, trabalhadores formando seus próprios órgãos de luta e ações de massas revolucionárias para derrocar aos regimes lacaios do imperialismo, é o único caminho para que a classe operária freie a ofensiva capitalista mundial.
De repente, os que tinham sustentado a ofensiva imperialista contra a classe operária, agora posam como os mais “democráticos”, tratam de cobrir seu apoio à ditadura de Ben Ali. Eles prometem o mundo, em tanto e quanto as massas não tomem em suas próprias mãos os bens do imperialismo e as tarefas de auto-governo.
Repentinamente, toda classe de oportunistas estão saindo à luz- todos agentes do imperialismo- Raschid Ghannouchi do partido Islâmico quer postular-se a presidente, Moncef Marzouki quer ser presidente. Abdessalem Jared, dirigente da UGTT chama a um “governo de salvação nacional”. O “Secretário Unificado” da IV Internacional (USFI-United Secretariat of the Fourth International) que teve trabalho na UGTT apóia o chamado a este “governo de salvação nacional”.
Quando lhe serve ao imperialismo, usam dirigentes laicos como Ben Ali para controlar às massas; em outros casos não duvidam em usar dirigentes religiosos para achatar às massas; por exemplo, o regime Saudí, Osama Bin Laden e Mujahideen em Afeganistão contra a invasão estalinista, etc. O imperialismo enviou a Khomeini a infiltrar e decapitar a revolução operária iraniana de 1979 desde adentro (30.000 militantes foram executados em 2/3 anos de Khomeini tomando as rédeas do poder político). Em outros casos, usam dirigentes sindicais como Lech Walesa que foi usado pelo imperialismo para estrangular a revolução operária polaca.
O que une a R. Ghannouchi e Marzouki é seu chamado à “paz” e o “fim à violência” que no contexto atual significa manter intacto o aparelho repressivo do assassino regime e evitar que as massas armadas façam justiça operária. Estão competindo para converter-se nos novos gerentes do imperialismo para controlar às massas tunisianas. Deram-se conta que eles não jogaram nenhum papel no atual estadío da revolução e são os que estão propondo que as eleições se posponham por 6 meses para dar-lhes tempo a eles a construir alguma credibilidade nas massas assim podem trair melhor. Os dirigentes da central UGTT estão chamando a um “governo de Salvação” com aqueles do estilo de R. Ghannouchi e Marzouki. Em outras palavras, também apóiam manter à polícia assassina e a todo o aparelho repressivo. O USFI, com o apoio à direção nacional e regional da UGTT, também apóiam a política de manter o aparelho repressivo do estado, dos trabalhadores sendo uma minoria nos comitês que lidem com os crimes do regime de Ben Ali, da nacionalização da propriedade burguesa do regime de Ben Ali-isto é- não sob controle operário (o USFI não vem em apoio da expropriação da propriedade capitalista sem compensação e sob controle operário).

O USFI aceita a definição da burocracia da UGTT de “democracia”, isto é, que o governo seja eleito pelo “povo” e controlado pelo “povo”. O “povo” inclui à classe média alta tunisiana e à burguesia, que foram o suporte do saque imperialista pelos passados 55 anos. A definição da UGTT de democracia de jeito nenhum difere da burguesia radical da revolução francesa de 1789. O USFI não contra-põe os comitês de base de proteção e defesa da revolução ao atual governo de “unidade” ou ao proposto governo de “salvação”. Em outras palavras, o USFI ignora os passados 55 anos das lutas tunisianas e os passados 100 anos de lutas da classe operária mundial, e põe fé na burguesia tunisiana e classe média para acaudillar o processo através do governo de “salvação” contra o imperialismo-capitalismo. Isto é como que uma ovelha lhe peça ao zorro que a ajude a planificar uma política contra ele.
O verdadeiro caráter capitalista do governo de “unidade” e do “governo nacional de salvação” é desmascarado mediante a tarefa central: romper com a burguesia, a qual toma a forma de Expropriação a Ben Ali, de todos os capitalistas de Tunísia e de toda a propriedade imperialista e os bancos, sem compensação aos capitalistas, e sob controle operário! Esta é a única base sobre a qual um governo dos trabalhadores e camponeses pobres pode ser formado. O que se precisa é uma Republica Soviética, não que volte ao “parlamentarismo”, o qual é outra forma de ditadura da classe capitalista e assim do imperialismo.

 

O imperialismo controlava a economia de Tunísia, controlam a economia do Norte de África, a produção de petróleo mundial e efetivamente todo mundo semi-colonial

Enquanto Tunísia produz 92.000 barris de petróleo por dia, só refina 32.000 destes e deve importar a maioria de seu requerimento diário de combustível. Ainda Irão que é um dos líderes em produção de petróleo deve importar seus requerimentos de petróleo. Por isto, é um mito que os países da OPEP controlam a produção mundial de petróleo. A produção mundial de petróleo é controlada por aqueles que controlam as refinarias de petróleo mundiais; estão em sua maioria em mãos do imperialismo. Através do controle das refinarias de petróleo, o imperialismo francês através da Total ainda controla a economia tunisiana. O regime capitalista de EEUU também tem uma grande fatia no controle dos hidrocarbonetos de Tunísia. O regime de EEUU teve vínculos com o regime tunisiano por 200 anos. O imperialismo de EEUU e francês competem entre eles pelo controle das forças repressivas tunisianas do estado. O imperialismo de EEUU e francês sustentaram desde 1956 o regime brutal do RCD. A privatização das propriedades do estado, manter a Tunísia como um campo de escravos para os imperialismos de EEUU, francês, italiano, alemão e espanhol; o tratado de livre comércio com a UE que deveria ter sido efetivo no 2011 enquanto Tunísia já tem um tratado de livre comércio com o imperialismo de EEUU, tudo demonstra que o imperialismo estava realmente controlando Tunísia através do regime de Ben Ali e o RCD. É o imperialismo o que regula o tamanho da classe média tunisiana e suprime o crescimento de qualquer classe capitalista independente tunisiana. É o imperialismo o que foi direta e indiretamente responsável da fome de Mohamed Bouazizi e os centos de milhares, milhões de Bouazizis na região, em toda África, em todo mundo. Agora que seu lacayo foi desprestigiado, trabalham dia e noite para instalar um novo regime capitalista que o imperialismo vai seguir controlando. Argélia, depois de 48 anos de “independência”, ainda só tem um produto para exportar, o petróleo cru. Toda África, e as semi-colônias e colônias são exportadoras de matérias primas, produtos não-processados ou se converteram em plantas ensambladoras e depósitos para a produção controlada do imperialismo. Arábia Saudita não é nada mais que um campo de escravos do imperialismo de EEUU que controla a produção de petróleo, sustenta o regime brutal diretamente através das bases militares ianques e indiretamente através do regime fascista de Israel.
Chegou a hora de sacar-se de em cima todos os regimes brutais lacaios que controlam às massas em nome do imperialismo.
O imperialismo está tremendo. As massas tunisianas lhes estão mostrando o caminho aos operários de China, Japão, Coréia, Arábia Saudita, Argélia, Bolívia, México, Congo, EE.UU., França, Rumania, Rússia, Zimbabué, etc, de como brigar e derrotar a ofensiva capitalista mundial, isto é, com uma revolução operária e o derrocamiento revolucionário do regime capitalista.
É mais, a relação do imperialismo com as semi colônias e colônias mostra que para que as revoluções mundiais “tunisianas” avancem ao socialismo, têm que ser estendidas aos centros imperialistas, senão a contrarrevolución imperialista tarde ou cedo estrangula a revolução. Com a recente onda de revoltas em Europa, em Grécia, em França, Rumania, Irlanda, Espanha, Portugal não há nada que assuste mais ao imperialismo do que a perspectiva da classe operária nestes países rompendo com as direções traidoras no movimento operário, achatando o regime capitalista e tomando o poder em suas próprias mãos. Uma França Soviética, por exemplo, imediatamente acenderia a revolução operária em todas as colônias e semi-colônias francesas. Para que os operários que morrem de fome no pátio traseiro das potências imperialistas européias vivam, Maastricht precisa morrer. A classe operária no Norte de África, Europa do Leste e Oriente Médio precisa unir-se com seus irmãos e irmãs de classe nos centros imperialistas europeus -somos uma só classe- uma revolução. Por uma Federação de Estados Operários Socialistas da Europa. Um Estados Unidos soviético impulsionaria um salto gigantesco para o socialismo já que todos os regimes capitalistas ao redor do mundo imediatamente estariam sob a ameaça da revolução proletária. Qualquer revolução operária num país imperialista faria tremer o regime capitalista mundial e abriria o caminho ao Socialismo. Esta é a visão que faz que o imperialismo apesar de suas diferenças entre eles, trabalhem juntos na contramão da revolução tunisiana e de fato de qualquer revolução “tunisiana” no mundo.
O NPA, o USFI e outros reformistas chamam pela confiscação da riqueza de Ben Ali, mas não chamam pela expropriação da propriedade imperialista. Eles não levantam na França, onde eles estão assentados que “O inimigo está na casa!” e que a clave para a revolução tunisiana é que a classe operária na França tome o poder. Assim, eles jogam o mesmo papel de classe que os stalinistas que isolam as revoluções nas semi-colônias da revolução nos centros imperialista. O NPA levanta demandas econômicas quando a tarefa central neste momento é que a classe operária, organizada independentemente, tome o poder em suas próprias mãos. A clave para a revolução no Norte da África é que a classe operária tome o poder na Europa, destruindo Maastricht e formando uma Federação de Estados Socialistas Soviéticos da Europa.

O caráter da revolução tunisiana e quem a acaudilha

Os camponeses de granjas constituem menos de 20% da força de trabalho enquanto faz 30 anos atrás constituíam quase o 50%. Hoje, 15% dos granjeiros são donos de granjas de 20 hectares cada um e produzem 62.5% do total da produção agrícola. O 85% dos granjeiros tem uma média de 6 hectares e se ganham a subsistência a duras penas, produzindo 37.5% do total da produção agrícola. Várias das grandes granjas são joint ventures com companhias imperialistas. O imperialismo tem re-localizado várias de suas fábricas têxteis e do metal na Tunísia tirando vantagem da mão de obra barata e as condições repressivas.
O resto da força de trabalho está constituída pelo setor público (maioria turismo) e trabalhadores industriais. Esta revolução foi dirigida pelos trabalhadores industriais e os trabalhadores desempregados e setores da classe média arruinada (na realidade semi-proletária). Tunísia ilustra que o controle imperialista da semi-colônia não pode outorgar plenos direitos democráticos básicos; também mostra que a briga das massas por direitos democráticos plenos deve significar que só os operários podem acaudilhar tal luta até o final e estes direitos só podem ser atingidos pela classe operária tomando o poder.
Desde o 4 de janeiro, em várias cidades como Kasserin, as massas derrotaram à polícia nas ruas, desarmou-a, destruiu as delegacias e pôs em pé seus organismos de auto-governo, chamaram aos comitês para a proteção e supervisão da revolução. Estes comitês tomaram os escritórios da regional local da UGTT e as usaram como centros de organização. Pareceria ter confusão nas bases da classe operária (ativamente promovidas por Ettajdid, PCOT, USFI e o Comitê de Enlace de “Trotskistas”) apoiando o chamado a um governo de “salvação nacional”, em outras palavras, que eles não deveriam tomar o poder em suas próprias mãos senão que deveriam abandoná-lo (dar-se NT) a um novo governo burguês em tanto e quanto este não esteja unido ao regime de Ben Ali.
É uma tarefa imediata pôr em pé comitês de proteção e supervisão da revolução, em cada região da classe operária e em cada posto de trabalho baseados numa representação proporcional com uma maioria operária em cada estrutura, com o direito de revogar ao instante, com delegados operários de cada lugar de trabalho, representantes dos desempregados e delegados dos soldados de base que apóiem a revolução. Em áreas rurais e de granjas deveria ter conselhos de proteção e supervisão da revolução composta de trabalhadores rurais e separar estes conselhos para os camponeses empobrecidos. Deveria ter um chamado a uma reunião nacional de delegados de todos os comitês de proteção e supervisão da revolução, para coordenar a luta contra o regime de Ben Ali e o governo de “unidade” e contra o imperialismo.

 

Resume de demandas democráticas imediatas:

1- Abaixo o regime de Ben Ali, que agora posa como um governo de “unidade” sem Ben Ali.
2- Ruptura com o imperialismo e a burguesia. Isto significa a imediata expropriação de todos os bens de Ben Ali, o resto dos capitalistas tunisianos e os bens imperialistas e os bancos, sem indenização para os capitalistas, sob controle operário. Por uma banca estatal única sob controle operário.
3- Todo o poder aos Comitês Operários de Proteção e Supervisão da Revolução. Todos os dirigentes devem ser eletivos, sujeitos a revocatória imediata e deverão receber o salário de um operário qualificado médio. Por um governo operário e dos camponeses pobres baseado nesses comitês (os quais devem de ser independentes da classe média alta, a casta de oficiais e os capitalistas).
4- Levantamento imediato do toque de recolher para que as massas possam organizar-se e reunir-se livremente.
5- Liberdade a todos os presos políticos e econômicos.
6- Desmantelamento imediato da polícia e o aparelho repressivo e todas as instituições do regime, incluindo a burocracia, partindo o exército. Armamento imediato das massas e posta em pé de milícias operárias armadas como parte dos Comitês de Proteção e Supervisão da Revolução (a tentativa da polícia de formar seu próprio sindicato é unicamente para impedir que os matem as massas. Se querem -os polícias- jogar um papel progressivo, devem entregar suas armas às milícias operárias).
7- Que os soldados rasos elejam delegados desde suas filas, rompam com a casta de oficiais que está atada ao regime de Ben Ali.
8- Reduzir a jornada laborar e dividi-la entre todos os que podem trabalhar (sem perdida de salário), aumento do salário quando os preços sobem.
9- Cancelar toda a dívida contraída ao imperialismo sob o regime do RCD.
 10- Nacionalização da terra. Expropriação de todas as granjas capitalistas sem indenização para os capitalistas. Pela posta em pé de granjas operárias/coletivas modelos para os operários rurais, de acordo a um plano nacional sob controle operário. Por créditos baratos e assistência ao camponês pobre. Por conselhos conjuntos de trabalhadores rurais e camponeses pobres para adjudicar a terra para o uso dos camponeses pobres.
11- Cancelamento de todos os acordos secretos e públicos com o imperialismo que mantém Tunísia, como seu campo de escravos e sua ferramenta política contra as massas na região, nem que dizer aos palestinos.
12- Que o regime de Ben Ali, a casta de oficiais e os dirigentes da UGTT enfrentem tribunais operários por seus crimes contra a classe operária tunisiana.
13- Que a UGTT se re-estruture em toda a linha com o controle democrático dos operários.
14- Publicação de todos os acordos secretos entre o regime de Ben Ali com o imperialismo. Expulsão de todos os agentes e agências imperialistas de Tunísia.
15- Estabelecer comitês de preços dos operários, dos urbanos e rurais pobres, denunciar quem se beneficia dos altos preços da comida e o petróleo.
16- Igual trabalho, igual salário para todos os trabalhadores do Norte da África e Europa!

Sobre o chamado do USFI e o PCOT a que se convoque a uma Assembléia Constituinte

Aqueles que fazem o chamado por uma Assembléia Constituinte querem estrangular a revolução tunisiana.

Como é possível que este governo de “unidade”, que está atado por milhares de laços ao imperialismo possa convocar a uma Assembléia Constituinte soberana que esteja livre da influência do imperialismo? Este regime é o mesmo que massacrou durante os últimos 55 anos e que ainda dispara aos manifestantes. Este regime está respaldado por 150.000 polícias e o imperialismo mundial. Pensam que podem só sentar-se numa mesa e persuadi-lo de que entreguem o controle a uma Assembléia Constituinte?
Este mesmo imperialismo não pode nem sequer garantir o direito dos 6 milhões de palestinos a retornar desde sua expulsão em 1948; este mesmo imperialismo é responsável a mais de 6 milhões de mortes no Congo, enquanto os minerais são saqueados inclusive até o dia de hoje; este mesmo imperialismo não pode nem sequer garantir aos iraquianos e afegãos o livre direito a eleger a seus próprios dirigentes, muito menos ter controle sobre suas próprias economias; este mesmo imperialismo organizou o golpe na Honduras faz uns meses atrás; eles invadiram Haiti por envelope os corpos dos mortos no recente terremoto, e Vocês crêem que eles permitirão uma expulsão pacífica do imperialismo da Tunísia, e isto ante as portas de Europa? Estão enganando ás massas. Este regime repressivo precisa ser removido pela força, pela ação revolucionária de massas.
Inclusive, se o imperialismo lembra que todo o regime de um passo ao custado e que todos os membros de seu governo de salvação nacional podem pôr em pé uma Assembléia Constituinte, Como se realizaria? Já R. Ghannouchi e Marzouki querem que as massas esperem outros 6 meses. As massas estão famintas agora. Seu “governo de salvação nacional” será protegido pela polícia assassina e, por seu próprio programa, não expropriará ao imperialismo. O imperialismo exige seus lucros e só obterão a quantidade necessária se aumentam o nível de fome das massas. Seu governo de salvação, com seu polícia e aparelho repressivo do velho regime, se verá forçado a achatar ás massas, uma vez mais estará salvando aos imperialistas e não à classe operária.
Adiante! Organizem sua Assembléia Constituinte já! As massas imediatamente votarão pelo final do regime de Ben Ali, pela expropriação do imperialismo, pelo desmantelamento da polícia. É por isto que o imperialismo e os partidos burgueses estão fazendo tudo o possível para pospor inclusive estas eleições burguesas. Não podem dar-se o luxo nem sequer de uma democracia burguesa completa para Tunísia nem para nenhuma semi-colônia do planeta.
As massas estão chamando a derrocar o regime de “unidade” de Ben Ali agora. Este é o caminho para conquistar as condições para convocar uma Assembléia Constituinte. Mas, uma vez que os operários tenham tomado o poder em suas mãos, por que devem dar-lho a uma estrutura que contenha partidos burgueses, partidos que querem ser gerentes do imperialismo, que não podem cumprir nem uma só demanda democrática das massas. Quanto mais brigam por um governo de “salvação” que contenha partidos burgueses e do que pretensamente prepare a Assembléia Constituinte, mais e mais as massas se darão conta que precisam suas próprias estruturas, como os Comitês de Proteção e Supervisão da Revolução, estruturas soviéticas, para tomar o poder em suas mãos.

 

O perigo da “Caravana pela libertação”

Marchar sobre as instituições centrais na Tunísia é excelente, mas os dirigentes da UGTT e o USFI têm outras idéias, eles usurpam os passos audazes que as massas querem tomar, isto é, mediante ações de massas revolucionárias derrocar todos os refugos do governo de “unidade” de Ben Ali. Enviam às massas, desarmadas a desafogar-se, a pressionar ao regime para que seu governo de “Salvação” tome o poder (em outras palavras para que estes setores da classe média e a classe média alta atualmente excluída, façam parte, tomando todo os suculentos negócios de ser parte do governo).
Sem arrancar a pressão sobre o regime por nenhum momento, precisa-se generalizar os Comitês de Proteção e Supervisão da Revolução em todos os lugares de trabalho, granjas e em toda a Tunísia, realizando um Conselho Central de todos estes comitês com delegados dos trabalhadores rurais e urbanos, dos camponeses pobres, e de todos os demais setores em luta, dos desempregados, dos soldados rasos. É este Conselho Central armado ou Soviet o que deve constituir-se em si mesmo em Tunísia e dispersar ao regime capitalista do governo de “unidade” ou “salvação”. O chamado central novamente deve ser romper com a burguesia, isto é, expropriar toda a propriedade do regime de Ben Ali, dos capitalistas tunisianos e de todos os imperialistas, sem indenização aos capitalistas e pô-los sob controle operário.

Para a refundação da IV Internacional

Que o regime assassino do RCD fora um membro da Internacional Socialista durante muitos anos demonstra que a Internacional Socialista não tem nada a ver com o socialismo, mas tudo a ver com a manutenção do domínio imperialista no mundo. O apoio dos Stalinistas, os PCs, aos membros da Internacional Socialista, como por exemplo, ao ANC e ao Partido Laborista Britânico demonstra que não se pode confiar nos estalinistas; a capitulação do NPA, o USFI e a “esquerda” a seu próprio imperialismo, tudo demonstra que uma nova internacional é necessária. A International Committee of the Fourth International (ICFI) apresenta uma caricatura de uma internacional, chamando em geral à “revolução permanente”, sem oferecer nenhum programa para o proletariado mundial sobre Tunísia, e só proclamando que os operários devem unir-se e o espírito santo da salvação baixará a eles.
Precisamos unir à vanguarda na Grécia, na França, na Tunísia, na Argélia, na Bolívia, no México, nos EUA, na China, na África do Sul, no Congo, etc. numa internacional. Essa é a forma para levar a heróica batalha da classe operária à vitória. É tempo de refundar a IV Internacional.

Adiante para o poder operário na Tunísia!

Que a chispa na Tunísia incendeie toda Europa, África, Ásia, Oriente Médio, América, Austrália!
Por um Comitê Organizador pela refundação da Quarta Internacional!

Pelo socialismo!

FRAÇÃO LENINISTA
TROTSKISTA INTERNACIONAL

 

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