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EDITORIAL

O seguinte editorial foi escrito o dia 10/02/2011, um dia antes da fuga de Mubarak.
Depois de dezoito dias de irrupção de massas e esvaziamento do poder, o imperialismo se viu obrigado a entregar a cabeça de Mubarak antes que o proletariado e as massas em luta avançassem um degrau decisivo com uma insurreição triunfante que demole toda a maquinaria do Estado burguês. Assim definia Trotsky no seu trabalho História da Revolução Russa “Um levantamento revolucionário que dure vários dias só se pode impor e triunfar tal como de elevar-se progressivamente de degrau em degrau, registrando todos os dias novos sucessos. Uma trégua no desenvolvimento dos sucessos é perigosa. Se o movimento se detém e patina, pode ser o fracasso. No entanto os êxitos por si bastam; é necessário que a massa se inteire deles a sua devido ao tempo e aprecie antes que seja tarde sua importância para não deixar passar de longe o triunfo em momentos em que lhe bastaria estender a mão para pegar-lhe”.
O editorial que a seguir apresentamos conta com a validez de propor, prévio à fuga de Mubarak, a questão da tentativa do imperialismo e a burguesia de expropriar a revolução, bem como o programa e as tarefas para partir o exército e preparar e organizar uma insurreição triunfante.
Neste sentido, a apresentamos aos nossos leitores como parte da intensa correspondência internacional que percorre esta edição do Organizador Operário Internacional seguindo os acontecimentos da revolução no norte da África dia a dia.

ÚLTIMO MOMENTO!

O grandioso combate revolucionário das massas fez fugir o assassino Mubarak. As massas comemoram, mas não se fizeram do poder.

Tunísia, Egito: “É uma revolta, sire? É uma revolução democrática?” Não, é o início de uma revolução operária e socialista que deve pôr-se de pé e fazer-se do poder

Desde o Secretariado de Coordenação Internacional da Fração Leninista Trotskista Internacional apresentamos o Organizador Operário Internacional N° 11.
Fazemo-lo em momentos em que novos golpes revolucionários das massas, como os do Oriente Médio e o norte da África, estão atuando como um choque elétrico nas filas do proletariado mundial. Os processos revolucionários da Tunísia e do Egito que começaram marcar o caminho para reagrupar as filas da classe operária a nível internacional, a fim de organizar uma verdadeira contra-ofensiva revolucionária do proletariado mundial contra os mil e um ataques da frente burguesa imperialista. Trata-se de que os processos revolucionários que estão em curso estendam-se, desenvolvam-se, generalizem-se, sincronizem-se e centralizem-se a nível internacional. Essa é a tarefa imediata de toda organização operária revolucionária internacionalista que se aprecie de tal.
A chispa da revolução que começou na Tunísia e agora no Egito não deixa de estender-se, como um rastro de pólvora, pelo norte da África e Oriente Médio. No Egito a burguesia, o regime da autocracia de Mubarak e Obama, concentra suas forças para deter este processo revolucionário que começou. É que estas revoluções enfrentam abertamente todos os mecanismos de controle contrarevolucionários (como o pacto do exército, a burguesia e o governo do Egito com o contrarevolucionário Estado sionista de Israel para massacrar às massas palestinas) que impuseram as potências imperialistas e as burguesias nativas sócias do mesmo.

Na Tunísia, no Egito, combate-se pelo pão contra Mubarak,
Ben Ali, Obama e todos os parasitas de Wall Street,
banqueiros e multinacionais de todas as potências imperialistas.

Estamos frente a ações revolucionárias da classe operária e as massas oprimidas de uma das zonas mais castigadas pelo imperialismo. Este sustenta na região um dispositivo contrarevolucionário que atuou implacavelmente nas últimas décadas em todo o Oriente Médio. Este dispositivo atuou com as burguesias xiitas e sunitas expropriando os processos revolucionários antiimperialistas das massas, como o vimos no Irã, na Palestina, no Líbano, no Iraque ocupado. Também este mecanismo de controle contrarevolucionário atuou sob o terror do sabre dos faraós, das autocracias, das teocracias que só defendem os interesses da burguesia nativa e o imperialismo na região, e atuou também com invasões contrarevolucionárias imperialistas diretas como no Iraque, Afeganistão e  bombardeios do exército sionista fascista de Israel contra as massas palestinas. É que ali estão as maiores reservas de petróleo do planeta, que estão sob o controle das grandes petroleiras e bancos imperialistas. Ali, as massas famintas vivem sobre um mar de ouro negro que se encontra sob seus pés.
Alguns escritores de editoriais burgueses surpreendem-se do que a chispa que começou com uma revolução na Tunísia, que fez rodar a cabeça de Ben Alí, e que com suas novas ondas revolucionárias ameaça com desmantelar e demolir a maquinaria do Estado semicolonial; hoje se expandiu e incendiou Egito, e em toda a região se desenvolvem ações de massas como na Argélia, Iêmen, Jordânia; pondo ao vermelho vivo a questão do esmagamento do Estado sionista assassino de Israel, que mantém num campo de concentração a céu aberto às martirizadas massas palestinas.
A chispa da Tunísia chegou ao Egito, e foi levando e propagando o brutal roubo do imperialismo e os parasitas do capital financeiro, que investindo enormes massas de capitais no mercado das commodities, açambarcando toda a produção de farinha, azeites, açúcar, milho, fez subir ficticiamente seus preços para, de forma especulativa, com as grandes cerealíferas e os banqueiros imperialistas, recuperar de forma parasitária seus lucros. Seus super lucros.
No Egito, como na Tunísia, no Iêmen ou na Bolívia, combate-se contra a carestia da vida e o aumento brutal dos preços dos alimentos que foi elevado de forma fictícia por um punhado de banqueiros, como Goldman Sachs, a banca Morgan, isto é, os parasitas de Wall Street. Estes fizeram subir até 200 vezes o valor do trigo, a soja, o milho, etc. E isto não é porque falte produção, senão tudo o contrário. Está a níveis recorde no mundo. O parasitismo imperialista é, em última instância, o inimigo que enfrentam as massas famintas que saem ao combate em todo mundo.
Sim, falamos dos parasitas que estão nas 8 quadras de Wall Street. Falamos dos “super bancos” que saquearam e levaram à ruína ao planeta e as nações, fazendo quebrar os Estados e atirando-lhe toda sua crise às massas desde 2007, quando estourou o crash.
Estes parasitas ontem inflaram ficticiamente uma bolha imobiliária, hipotecando 3 ou 4 vezes o valor das propriedades nos EUA, na Espanha, no Dubai e hoje na China. O mesmo sucede hoje com estes especuladores e parasitas que açambarcam milhões de toneladas de trigo, milho, açúcar, cacau, arroz, soja e restantes commodities, fazendo subir de forma fictícia seu valor no mercado chamado “o futuro”.
O capital financeiro, essa oligarquia de super bancos, usa a garantia dos bônus do tesouro dos EUA, onde deixam seus dólares bem guardados, para investi-los na bolsa de valores de cereais, fazendo subir ficticiamente seu valor.
Desde o ano 2006 até 2008 o preço do trigo subiu um 80%, o milho um 90% e o arroz um 320%. Desde então, não deixaram de estourar revoltas pelo pão e contra a fome. Mais de 250 milhões de operários escravos passaram a viver em aberto estado de desnutrição.
E mais, a demanda de grãos e alimentos retrocedeu 3% no planeta. O próprio (hoje defunto) Lehmman Brothers, o chefe dos parasitas imperialistas, especulando, saltou de 13 mil milhões de dólares no mercado “o futuro” do trigo de Chicago a 260 mil milhões em 2008.
Isto é parasitismo. Isto é o capitalismo hoje. Este é o saque das nações oprimidas. A estes parasitas defende o governo assassino de Mubarak. Os representa fielmente Obama. E ao mesmo tempo, todas as direções contrarevolucionárias reagruparam suas forças para impedir que as massas derrotem a estes parasitas no mundo semicolonial e, especialmente, em Londres, Nova York, Tóquio, Berlim, Roma, Paris, etc.
As massas devem terminar de identificar com clareza a seus inimigos. Estamos frente ao início de uma enorme revolução operária, já que ataca os interesses da burguesia e o imperialismo no Egito, na Tunísia, no Oriente Médio. Esta revolução merece triunfar a nível internacional, com a entrada em cena da classe operária européia, japonesa e norte-americana. É que este combate só triunfa com a revolução socialista internacional, expropriando a esse punhado de parasitas do capital financeiro que vive, lucra e parasita sobre milhões de escravos famintos, desnutridos, e sobre uma classe operária à qual lhe tentam descarregar todos os dias sua podridão e crise como sistema.
São estas penúrias inacreditáveis as que empurram as massas às grandes investidas revolucionárias que estamos presenciando. São padecimentos inacreditáveis que empurram revoltas, insurreições, semi-insurreições em países chaves não produtores de alimentos e, como já dissemos, assentados num mar de ouro negro de petróleo, saqueado pelo imperialismo e as burguesias nativas. A fome e carestia da vida crônica já se voltaram insuportável para as massas.
Estes parasitas do capital financeiro de Londres, Wall Street, Berlim ou Paris, não só especularam e fizeram subir ficticiamente os preços das commodities a nível internacional, senão que são os mesmos que, para recuperar sua perdas e sua bancarrota tem esvaziado, desfeito e deixado endividado a todos os Estados imperialistas, como EUA, França, Espanha, Grécia, etc. Assim os governos das potências imperialistas esvaziaram seus estados, repuseram-lhe as perdas aos banqueiros e às multinacionais, enquanto largaram um feroz ataque para fazer-lhe pagar isto às massas.

A chispa da Tunísia incendiou Egito. Para QUE A REVOLUÇÃO TRIUNFE
deve incendiar o
ORIENTE MÉDIO e sublevar novamente à classe operária
européia e norte-americana

Levamos já 17 dias de uma magnífica revolução e insurreição no Egito, que põe à ordem do dia que a chispa transformou-se numa chama de fogo que ameaça com incendiar todo o norte da África, Oriente Médio, e novamente Europa.
A queda de Mubarak produto da ofensiva revolucionária decidida das massas do Egito faria tremer desde seus alicerces ao Estado genocida de Israel, e colocaria à ordem do dia que a resistência antiimperialista volte a pôr em debandada as tropas invasoras imperialistas no Iraque e Afeganistão.
Milhões de operários argelinos, marroquinos, tunisianos, egípcios, do Magreb são imigrantes que realizam os piores trabalhos nas potências imperialistas.
Ante o crash e a crise, milhões destes foram devolvidos para seus países de origem, inclusive sob o terror do fuzil burguês apontando a suas cabeças, como o fez EUA, Itália, Espanha e restantes imperialismos chamados “democráticos”.
Isso multiplicou por 10 o desemprego crônico. Uma legião de desempregados se vê obrigado a percorrer então os poços de petróleo das empresas imperialistas que saqueiam o Oriente Médio, como párias e operários escravos.
Essa é o paradoxo. Massas famintas, operários desempregados que são expulsos da Europa, como escravos aos quais os escravistas já nem sequer são capazes de alimentar e fazê-los trabalhar, percorrem os poços de petróleo em Kuwait, Iraque, Dubai, Egito, Arábia Saudita. O paradoxo é operários escravos em empresas imperialistas que fazem lucros de 150 a 200 bilhões de dólares ao ano como a Exxon, a Halliburton, e que levantam os edifícios fastuosos da burguesia como no Dubai ou Arábia Saudita, e um extensíssimo etc.

Como se estendeu esta chispa que começou na Tunísia? Esta se desenvolveu seguindo a rota dos “operários nômades” dos poços petroleiros e os operários escravos das grandes construtoras, que quiçá trabalharam juntos também na folha de rota dos piores trabalhos da Alemanha ou França. Ali eles se reconhecem. Sabem de seus países e de suas penúrias.
Os imbecis antimarxistas falam de “espontaneidade” e de “zero consciência” das massas que se encontram insurrectas. Elas vêm de uma enorme experiência de combate sacrifício e traições sofridas. Eles deixaram a seus filhos com as “madraças” da burguesia xiita, que entregou toda a luta antiimperialista das massas do Oriente Médio.
A burguesia “islâmica” do Hezbollah entrou ao governo com Siniora, agente do imperialismo no Líbano. Ao mesmo tempo a burguesia, também “islâmica”, de Hamas está num verdadeiro pacto e negociação com o governo de Mubarak e o Estado sionista fascista de Israel para impedir que irrompam novamente as massas da Palestina

As revoluções que estão em curso no norte da África não são filhas de um “reverdecer democrático” da pequena burguesía do Oriente Médio, sempre servil ao imperialismo e seus interesses. Estas são produto desta enorme experiência de combates traições, guerras nacionais, das experiências que fizeram com as direções burguesas,  sejam “islamitas” ou “panárabes”, quem a cada passo entregaram as lutas nacionais antiimperialistas das massas do Oriente Médio, e submeteram, junto ao imperialismo, à pior exploração à classe operária na região.
Esta é a preocupação do imperialismo, que reconhece às forças da revolução que enfrenta, e isto Mubarak o sabe muito bem.
Por isso, o que mantém hoje vivo o combate das massas revolucionárias do Egito é que querem triunfar e dar um primeiro passo para conquistar o pão, derrocando a Mubarak tal qual o fizeram seus irmãos de classe na Tunísia com Ben Ali.

“As massas não têm consciência”, “são atrasadas”, dizem os imbecis e serventes da burguesia que jamais chamaram as massas a lutas revolucionárias para derrocar aos governos dos exploradores e seus regimes para conseguir o pão e o trabalho, começando a revolução proletária.
É que esta onda revolucionária supera a “espontaneidade” e a “falta de consciência” que lhe impuseram as direções traidoras aos heróicos levantamentos revolucionários da classe operária européia, questão que apontava a impedir que os explorados chegassem a propor-se o derrocamento de Papandreau, Sarkozy, Berlusconi, a monarquia espanhola e inglesa, e a imundícia do Bundesbank e a Merkel na Alemanha.
Esta onda revolucionária retoma essa experiência, voltando a marcar um caminho à classe operária européia, que não é outro que: quem quer pão deve elevar sua luta econômica a luta política e enfrentar decididamente os governos e regimes que protegem os interesses do grande capital, e derrotá-los.
Nenhum estado maior do proletariado mundial disse que “para que tenha pão, há que derrotar e demolir o poder dos exploradores”; que para conseguir o mais mínimo há que lutar por tudo; que a classe operária segue mal porque ainda não se fez do poder.
Nenhum estado maior dos que se dizem “anticapitalistas” ou “socialistas” da classe operária chamaram nem convocaram a nenhuma Praça, a tomar nenhuma delegacia, a fazer nenhum piquete armado, a incendiar quartéis nem palácios de governo.
Aos que propomos isto, como os trotskistas que lutamos por refundar a IV Internacional, nos acusam de “loucos”, “atropelados”, “sectários”, “que não conhecemos nada da luta da classe operária”, “há que ir devagar”, “passo por passo”. Afirmam e se desgarram dizendo que “nunca há condições” para preparar uma ofensiva revolucionária das massas... como se as condições para vencer não se conquistaram.
Estamos vivendo o filme da covardia do reformismo. Por que: Que condições tinham para atacar os governos burgueses do Egito, Tunísia, Iêmen, Jordânia, com regimes ditatoriais, autocráticos, sustentados nas polícias secretas assassinas e nos exércitos de choque contrarevolucionários?
As massas, por seus padecimentos inacreditáveis, superaram toda a estratégia reformista de submetimento rasteiro à burguesia; e localizaram seu combate muito próximo do poder. Demonstraram que as condições objetivas para a luta pela revolução estão mais do que maduras. Já se estão decompondo.
O surgimento do putsch fascista, novas invasões contrarevolucionárias, o aprofundamento e estabelecimento de regimes bonapartistas já o antecipam. A bancarrota do capitalismo é inevitável. Este só pode sair da crise com guerras e arrebentando à classe operária mundial, isto é, com parasitismo.
As direções reformistas só chamaram, como na Europa, a lutas de pressão para negociar a “retificação” do ataque selvagem dos capitalistas contra as massas. Exigiram à classe operária da América Latina que deponha sua luta por derrubar os governos “progressistas” e bolivarianos, os quais “tinha que pressionar para que avancem ao socialismo”, como Chávez, Morales, Kirchner, Lula etc. No entanto estes são os que aplicam hoje planos de austeridade iguais ou piores do que Ben Alí ou Mubarak.
Os reformistas como serventes do capital, impuseram-lhes as massas nas ondas de luta de Atenas, da Bélgica, de Portugal e de toda a Europa, de que se pode morigerar o ajuste e o brutal ataque. Estão-lhes dizendo e lhes disseram que o leão não se comerá ao veado.
Enganaram as massas. Voltaram impotentes os combates da Grécia revolucionária e do proletariado europeu. Eles temem, sobretudo, que as lições das revoluções que estão em curso no Oriente Médio e ao norte da África, voltem a pôr à classe operária européia num caminho revolucionário correto, tirando lições de seus combates.

Os processos revolucionários do Egito, da Tunísia, do Oriente Médio, como o levantamento persistente dos operários da Bolívia contra a fome e a carestia da vida abriram um ângulo de 180° com as receitas das direções traidoras do proletariado.
Como ontem no Madagáscar, no Guadalupe, no Quirguistão, ou na Bolívia revolucionária, combate-se pelo poder e pelo derrocamento do poder do inimigo para conquistar o pão e parar o ataque dos capitalistas.
As revoluções que estão comovendo ao mundo no norte da África e Oriente Médio, mais cedo ou mais tarde, voltarão a cruzar o Mediterrâneo. É tarefa dos operários da Grécia, da Inglaterra, da França, da Espanha, de Portugal e toda a Europa, levar este combate ao triunfo. Só combatendo como na Tunísia e no Egito, derrotando a monarquia inglesa e espanhola, a V república dos assassinos imperialistas franceses, a Itália dos Berlusconi e a Alemanha do capital financeiro assassino alemão e seus exércitos que estão massacrando igual ou pior do que os ianques no Afeganistão, é o caminho pelo qual conseguirão o pão e recuperarão suas conquistas. Demolindo e não deixando pedra sobre pedra dessa gruta de bandidos de Maastricht e do parlamento europeu, que nada tem que lhe invejar aos parlamentos fantoches, bonapartistas e autocráticos dos regimes contrarevolucionários do Oriente Médio contra os quais se levantam hoje as massas.

“Revolução democrática” porra nenhuma! No norte da África e Oriente Médio Começou uma revolução operária e socialista, que ataca o coração do capitalismo e o imperialismo mundial. é uma revolução operária e socialista, que só poderá triunfar estendendo-se a nível internacional e triunfa a nível mundial

A burguesia se pergunta que nome põe a revolução que começou na Tunísia e no Egito. Manda a seus serventes a falar de que há uma “revolução democrática” contra “ditaduras”. A vida e a realidade nua aos teóricos e papagaios da “revolução democrática”. Na Tunísia e no Egito hoje, as liberdades democráticas as estão conquistando as massas com seus combates revolucionários nas ruas, enfrentando à polícia o exército e as bandas contrarevolucionárias defensoras dos interesses de todos os capitalistas. As massas conquistam liberdades democráticas pondo em pé a revolução proletária. Aqui a mentira tem pernas curtas.
Esse conglomerado de abate do stalinismo, social-democratas, partidos “anticapitalistas”, renegados do trotskismo variados, etc. sabem muito bem que a tarefa democrática não resolvida no mundo semicolonial é a independência do imperialismo. E hoje salta à vista, ante os olhos do conjunto dos explorados, como Mubarak e todos os governos burgueses atuam sob as ordens abertas e diretas de Obama e das embaixadas de todas as potências imperialistas. Salta à vista que não há nem liberdade, nem independência nacional sem a expulsão do imperialismo das nações oprimidas. Assuma o governo que assuma no Egito, não será democrático, senão que será eleito na embaixada ianque e com a aprovação do sionismo, isto é, as forças contrarevolucionárias do Estado de Israel; o contrario é que a classe operária tome o poder conquistando a liberdade, a independência nacional, o pão e o trabalho para os famintos.
E para expulsar o imperialismo há que o expropriar, derrotar a ele e seus sócios menores, as burguesias nativas. Eles têm seu Estado, sua banda de homens armados, suas polícias contrarevolucionárias. E quando isto falha em seu controle e domínio contra o proletariado, invadem (como no Iraque e Afeganistão) ou massacram (como na Palestina).
As burguesias nativas associadas ao imperialismo - como sócios de segunda mão - sabem muito bem que se, com o método da insurreição, triunfa a revolução proletária que começou, também atacará seus interesses e propriedades que estão intimamente unidas ao imperialismo.
A terra está em mãos das grandes empresas imperialistas, que têm desde o trigo armazenado até a terra onde se produz e as grandes correntes de comercialização, como assim também está em mãos dos grandes bancos a produção de alimentos que, com seus cerealíferas e bancos, o monopolizam a nível mundial.
Como chamar a uma revolução que, para triunfar, ter pão e trabalho, deve derrotar aos parasitas de Wall Street, Londres e Alemanha, deve expropriar às cerealíferas, às grandes petroleiras imperialistas, aos banqueiros e aos governos e Estados contrarevolucionários que cuidam seus interesses… “democrático burguesa”?
De repente, enquanto seguem mandando a seus serventes e lacaios no movimento operário a falar de “revoluções democráticas”, os teóricos da burguesia falam de revolução “laranja”, “das tulipas”, “dos cravos”. Que se voltaram? Jardineiros talvez?
Em momentos de revolução as classes possuidoras ficam momentaneamente como um pintor com o pincel no teto que lhe tiraram sua escada. Nesse momento duvida e procura rapidamente um ponto de apoio.
Putchs contrarevolucionários, governos de colaboração de classes, tiram  gerentes de Google “dos cárceres de Mubarak” para dar-lhe um perfil de “revolução democrática da internet”… mas a classe operária e as massas disseram “Basta!” “Queremos pão!” “Fora Mubarak!” “Lhes queimamos as delegacias e dissolvemos a polícia!” “Queremos tomar a crise e a resolução de nossos problemas em nossas mãos!”
A tendência é a alto-organização das massas e seu armamento. A rota para que triunfe a revolução já se abriu com a heroicidade e a semi-insurreição de massas que não deixa de desenvolver-se, apesar e na contramão de todas as direções e diques de contenção que lhe querem impor.

No Egito, como ontem na Tunísia, abriu-se um fenomenal esvaziamento do poder. Ou o ocupam as massas revolucionárias e suas organizações, derrotando as bandas armadas do capital, ou vai ocupá-lo a burguesia. Ou os explorados se organizam e centralizam, com delegados de todas as organizações operárias das massas em luta de todo o Egito, com as armas que já lhe arrebataram à polícia, pondo em pé uma milícia operária coordenada e centralizada a nível nacional, e com estas forças luta por ganhar-se à base do exército; ou bem, a contrarevolução massacrará as massas revolucionárias ou esta luta será expropriada pelos cantos de sereia das “frentes democráticas” do Baradei, a Irmandade Muçulmana e todas as outras patéticas instituições das classes dominantes, que sustentaram durante décadas ao assassino Mubarak.
A revolução operária começa ver a cara de frente com os exploradores. Milhões entram ao combate, são, ao dizer da III Internacional, esses “pobres diabos” que nunca são tidos em conta pelas capas altas da aristocracia e a burocracia operária. Eles são os que estão socavando, como toupeiras, a cidadela do poder.
O fantasma da revolução iraniana e da revolução palestina faz tremer à burguesia e a todos seus serventes e lacaios no movimento de massas. Eles querem impedir que a revolução que começou termine de madurar e pôr-se de pé, questão que se consegue em horas e em dias de revolução.
O reformismo sustenta aos cavalos de Tróia, que hoje estão à frente das massas do Egito que conspiram junto com Mubarak contra a revolução.
A destruição do exército (como sucedeu com o Sha Resza Pahlevi), pôr em pé comitês de soldados, tomar as delegacias da burguesia como o fizeram as massas palestinas, está à ordem do dia…. Se o processo revolucionário ainda não chegou a esse degrau, não é por falta de tempo. É por crise de direção, isto é, pelo freio que põem os partidos da burguesia que, com a bandeira da “democracia”, atuam como verdadeiros cavalos de Tróia ao interior das massas em luta… e enquanto, a burguesia e seus agentes sem vergonha no movimento operário seguem procurando-lhe um nome à grandiosa revolução que se desatou.
Como diz Trotsky na história da revolução Russa: “Um levantamento revolucionário que dure vários dias só pode impor e triunfar tal como de elevar-se progressivamente de degrau em degrau, registrando todos os dias novos êxitos. Uma trégua no desenvolvimento dos êxitos é perigosa. Se o movimento se detém e patina, pode ser o fracasso. No entanto os êxitos  por si bastam; é necessário que a massa se inteire deles em seu devido tempo e aprecie antes que seja tarde sua importância para não deixar passar de longe o triunfo em momentos em que lhe bastaria estender a mão para pegar-lhe. Na história se deram casos destes”.

As condições estão mais do que maduras para que esta revolução avance vários degraus mais. Mas para que isto não suceda, os agentes da burguesia no movimento operário gritam e gritam: “A revolução é democrática!”. Afirmam e envenenam a consciência dos operários revolucionários exigindo-lhe as massas: “que lhe entreguem o poder que têm ao alcance das mãos a um parlamento “super democrático”, ou seja uma Assembléia Constituinte, para que o poder fique em mãos da burguesia “democrática”, para que assim “madurem as condições para a tomada do poder do proletariado”. Esta mentira e este engano à classe operária não vai ficar impune, porque as massas já estão dando conta que quem é incapaz de ficar no poder é a burguesia, seu governo e seus partidos.

A crise revolucionária se mantém no Egito. A tarefa urgente das massas revolucionárias é lutar por dividir o exército, por ganhar aos soldados rasos e destruir a casta de oficiais assassina das Forças Armadas continuidade do Estado sionista fascista de Israel. É que Egito é um dispositivo militar contrarevolucionário chave do imperialismo. Neste sentido não é o mesmo que Tunísia. As massas, para destruir o Estado, devem fazer ações mil vezes mais poderosas. Mas tudo se define em avançar para destruir a oficialidade genocida de Mubarak-Obama. A crise revolucionária sustenta-se no tempo porque a burguesia duvida, não está segura de lançar o exército para achatar as massas sem correr o risco que as massas terminem por partir ao exército e avançar em sua insurreição vitoriosa que termine por demolir o Estado burguês. É a casta de oficiais genocidas quem sustenta hoje a Mubarak no poder. É que justamente a oficialidade, como pilar do Estado, garante o resguardo do conjunto da propriedade imperialista e da burguesia nativa.

O imperialismo até o momento sustenta unificada a casta de oficiais. Isso é o que mantém Mubarak no poder e o que lhe dá tempo ao conjunto da burguesia e o imperialismo para fazer atuar à “frente democrática”, para que desgaste e adormeça as massas, para que depois a casta de oficiais das Forças Armadas conquiste as condições para um esmagamento contrarevolucionário.

Esta situação, de indecisão da burguesia por um lado e das massas sem poder romper o exército pelo outro, gera maior tensão e prepara choques mais agudos entre revolução e contrarevolução. Isto reafirma que a chave está na divisão do exército. A burguesia isto sabe perfeitamente e, por isso, saem seus agentes como El-Baradei a dizer que é urgente uma intervenção militar, supostamente para evitar um “banho de sangue”. A burguesia duvida, mas se as massas não rompem com a política pacifista de suas direções e avançam em destruir ao exército, será o imperialismo quem conquistará as condições para derrotar a revolução.

As massas cada vez compreendem mais que sem as armas não há nenhuma possibilidade de democracia, nem sequer de desmantelar até o final o regime autocrático de Mubarak. Mais cedo que tarde compreenderão -e esperemos que não seja tarde demais- que não há democracia burguesa, nem sequer Assembléia Constituinte soberana, sem derrotar à casta de oficiais assassina do exército do Egito, servente do imperialismo. E que não terá pão, nem liberdade nem trabalho, sem as armas e o desarmamento da burguesia.

Os renegados do trotskismo chamam a uma Assembléia Constituinte sem destruir à casta de oficiais das Forças Armadas, isto é uma política que termina por dar-lhe tempo à burguesia para reorganizar sua estratégia para derrotar a revolução. O próprio imperialismo francês e sua V República imperialista, massacradora dos povos da África, com seu porta-voz Sarkozy, sai a dizer que no Egito que “se precisa é ganhar tempo para formar instituições firmes que garantam a democracia”. Sabem muito bem que a burguesia internacional no Egito está jogando o tudo por tudo e exigem tempo para que atue a “frente democrática” enquanto fortalecem a oficialidade para achatar a revolução. Em última instância a política pacifista dos reformistas e renegados do trotskismo é funcional a este plano burguês.   

Da lixeira da história reaparecem teorias e programas já velhos, derrotados pelo bolchevismo, que reeditam velhas charlataneias do menchevismo e o stalinismo, e que hoje repetem muito alegremente os renegados do trotskismo, destruidores da IV Internacional.
“Que a classe operária e as massas exploradas não se façam do poder”. Estão-lhes dizendo “Que as massas vão votar um só dia a todas as escolas do Egito para resolver seus problemas”. Não querem que as massas terminem de completar sua ofensiva revolucionária, partam à base do exército, termine de armar-se a milícia operária com as armas que lhe arrebatam à polícia e ponham em pé os conselhos operários que se façam do poder.
O Fórum Social Mundial, os desfeitos do stalinismo, os sociais imperialistas e renegados do trotskismo variados, sacaram-se as máscaras. Sua consigna é: “a classe operária em estado de insurreição não pode nem merece tomar-se do poder, e só merece e pode fazê-lo a burguesia”… com todas suas instituições em crises!!! Ante isto, só fica para as massas dividir o exército e ganhar os soldados rasos para dar a estocada final ao regime infame colonial de Mubarak, sob o comando de Obama.
Basta de Mentiras! Os que estão em crises são os de acima. Os de abaixo já não querem, e já conquistaram as condições para varrer ao regime burguês e sua banda de homens armados, e arrincoar até a expropriação aos parasitas imperialistas.
Com a heróica insurreição das massas do Egito e da Tunísia caem as máscaras, as falácias e se despem as traições das direções reformistas, da aristocracia e burocracia operária, penduradas nas saias da burguesia.
Aqui levantaram-se novamente duas barricadas na luta de classes mundial: o reformismo e a revolução. Ou submeter a heróicas revoluções à burguesia, que as expropria ou as massacra; ou lutar por tomar o poder, pondo em pé partidos revolucionários, que sejam a pluma que permita em momentos decisivos, como estes de esvaziamento do poder, de crise fenomenal dos de acima, defina a balança em favor da classe operária, ganhando às massas para que o soldado, junto à milícia operária, faça que o tanque presente na praça aponte seus canhões ao palácio de Mubarak.
É neste combate onde se joga o destino do pão para os explorados que choca de frente com a propriedade dos exploradores. A questão central é que classe seja dona do poder.

As galimatias do reformismo

Digamo-lo de uma vez. Em 1989, quando o stalinismo entregava os Estados operários ao capitalismo, os reformistas falavam de “revolução democrática contra a burocracia”, enquanto esta se levava todos os rublos em malas ao Citibank e à banca de Londres; e o partido assassino dos “mandarins vermelhos” da China entregavam ao capitalismo como uma grande maquila gigante aos milhões de operários chineses.
Isso era uma suposta “revolução democrática”, e não o triunfo de uma contrarevolução que massacrou com guerras contrarevolucionárias como nos Balcanes, impondo regimes bonapartistas contrarevolucionários como os de Putin – comparado com ele, Mubarak é um exemplo de democrata -, com os mandarins chineses massacrando a milhões de estudantes e operários em Tiananmen. Agora, quando se levanta a classe operária e as massas da Tunísia e do Egito ameaçam em destruir o Estado e as bandas de homens armados do grande capital e, em sua dinâmica e por seus métodos de luta, propõem a expropriação da burguesia e a tomada do poder pela classe operária, também a chamam “revolução democrática”.

A burguesia procura uma cor ou um nome de uma flor para chamar a estas revoluções e enganar assim melhor as massas. Quanto mais os ideólogos da burguesia discutem que nome lhe põem a revolução…mais assustados estão. Não a controlam. Perderam o domínio do submetimento das massas. A incerteza é deles. Por isso não há nem flor nem fruta que lhe atinja para definir-la. Só o farão quando a estrangulem.
Todos os dirigentes do Fórum Social Mundial e os porta-vozes e teóricos da “revolução democrática” desmascaram-se como farsantes, pois todos sustentam à burocracia restauracionista castrista, que aplica planos de fome, demissões, sobre a classe operária cubana, como o faz Mubarak, ou o fazia Ben Alí, ou hoje faz Evo Morales.
Não será que o que há são contrarevoluções ou reações democráticas, que estão só para expropriar a revolução proletária, e que, como o fascismo ou o bonapartismo, não são mais do que diferentes instituições e agentes que utiliza a burguesia para manter-se no poder?
Na assim chamada V Internacional está Hu Jintao, que patrocina junto aos irmãos Castro, as “frentes democráticas” de esquerda que sustentam a Obama e quanta frente de colaboração de classes há no planeta.
Eles administram a maquila na China, que é um verdadeiro campo de concentração de centenas de milhões de operários.
Todas essas forças foram rejuntadas para salvar ao capitalismo em bancarrota, já seja aplicando os piores planos bonapartistas e contrarevolucionários contra as massas em nome do “socialismo” ou o “socialismo de mercado”; ou bem, em nome da “revolução democrática”, para expropriar aos operários sua revolução.
Os sustentadores por esquerda deste engendro da V Internacional são os renegados do trotskismo, que  ficam ao nu, porque nem sequer levantam um programa democrático conseqüente até o final.
Seus partidos “anticapitalistas” que não atacam ao capitalismo, de “democratas radicais”, nem sequer propõem a consigna de: “cada homem um fuzil”, como era a consigna da revolução democrática burguesa da França dirigida por Robespierre em 1789.
Isto significa que os mentores da suposta “revolução democrática” chamam a fazê-la e a que esta triunfe sem derrotar aos milicos, à polícia secreta e assassina de Mubarak, e à casta de oficiais assassina do exército do Egito, sócia e extensão das tropas de ocupação ianques no Iraque e sustentadoras do Estado sionista contrarevolucionário de Israel.
Vamos demonstrar que não só nem socialistas revolucionários, senão que nem sequer são democratas conseqüentes em sua “revolução democrática”, e tão só são serventes do capital. Estes “democratas” nem sequer lhe chegam ao calcanhar a Robespierre, que garantiu o funcionamento democrático da Assembléia Nacional na França com o degolamento de todos os príncipes e nobres na guilhotina

E seguem procurando um nome a estas revoluções que começaram. Há que lhes responder como o servente a Luis XVI na revolução burguesa na França, que lhe perguntava “É uma revolta, sire? Não, é a revolução” e a cabeça do rei caía pela guilhotina. E hoje, quando vivemos a época de putrefação e agonia mortal do capitalismo, há que lhes dizer a seus sustentadores o mesmo: “é uma revolução democrática, sire?” “não, é a revolução proletária”, que deverá mandar à guilhotina a Mubarak, estendendo-se a Europa e aos EUA deverá mandar à forca e pôr numa pica as cabeças da monarquia inglesa, espanhola e ao maior contrarevolucionário do planeta: dom Obama e todo seu sustento contrarevolucionário do Pentágono e o partido dos “Republicratas”, todos sob o comando do capital financeiro internacional e os parasitas imperialistas.

Os operários revolucionários devem seguir dia a dia aos acontecimentos internacionais de sua classe e formar-se sob o fogo mesmo da revolução.

Neste Organizador Operário Internacional vamos apresentar as diferentes cartas com as quais os trotskistas internacionalistas debatemos e discutimos quais são as condições da vitória; quais são as tarefas e a preparação dos revolucionários que, aprendendo dos combates das massas, conquistem o conhecimento da insurreição como arte; que prepare quadros internacionalistas que possam dirigir a única tarefa nacional de um partido revolucionário, que é a tomada do poder, centralizado sob as bandeiras de uma organização revolucionária a nível mundial.
Apresentamos então a correspondência ao dia de nossa fração internacional, onde damos conta das tarefas e o programa frente ao enorme processo revolucionário que está em curso.
Desde a FLTI afirmamos que estamos ante um novo momento histórico na luta de classes a nível mundial que começou em 2007. Este se iniciou com o derrube e a bancarrota do capital financeiro. A bancarrota desta empurra às massas a grandes flagelos e sacrifícios; e esta se salva a si mesmo recrutando direções compradas para que parem e traiam a ofensiva de massas, para que a dispersem e a desarticulem. Assim consegue manter-se e, por momentos, sair de sua crise, fazendo-lhe pagar todo o preço desta às massas.
É que o capitalismo não se cai nem se cairá só. Revoluções como a do Egito e da Tunísia demonstram qual é o caminho para derrubá-lo.
Dia a dia o reformismo faz um verdadeiro strip tease ante as massas. Iniciou-se um período histórico de contra-reformismo. Agonizou-se a época de crise, guerras e revoluções. Isto não deixa viver em paz aos enfermeiros do capitalismo.
Um novo reagrupamento de forças revolucionárias internacionalistas, que estejam por reagrupar as filas da classe operária, sincronizar seu combate, preparar e organizar revoluções socialistas triunfantes e estendê-las a nível internacional se voltou uma necessidade bem mais do que peremptória: imediata.
Só sob as bandeiras da IV Internacional e o legado de seu congresso de fundação de 1938, e procurando continuidade revolucionária com ele, poderá o movimento marxista reagrupar suas forças e marchar a refundar a IV Internacional.
Cada processo revolucionário nos dá mil e uma oportunidades. Os fundadores da IV Internacional viam e preparavam o movimento revolucionário nos anos 40 para todo um período de guerras, revoluções e contrarevoluções. Esse período histórico se tem exacerbado. O rastro da revolução segue seu curso, além de  que dezenas destas revoluções foram desviadas, cercadas, traídas por responsabilidade de sua direção. Mas o fazem a um custo altíssimo. Aqui e lá as massas devem retroceder pela traição de sua direção. Por momentos, o capitalismo respira aliviado quando a maré revolucionária afrouxa e, por momentos, treme quando novas investidas das massas o põem em questão.
Este período histórico se abriu com Obama, o sionismo e sua operação “Chumbo Fundido”, que massacrou a sangue e fogo às massas palestinas, enquanto as direções traidoras cercavam os processos revolucionários da América Latina e submetiam à classe operária norte-americana a Obama.
Mas a esta ofensiva contrarevolucionária lhe respondeu com o que poderíamos chamar  a “Operação Punho de Aço” que, com uma corrente de revoluções, tentou aqui e lá apresentar batalha, nas piores condições que lhe impôs a crise de direção.
O capitalismo em bancarrota sobrevive exacerbando seu parasitismo, graças à tardança da revolução proletária. Se esta não chega a tempo, o capitalismo sairá de sua crise com novas guerras e fascismo.
A alternativa é de ferro. Comunismo ou fascismo. Socialismo ou barbárie. Este é o apotegma do marxismo revolucionário desta época imperialista.
De um lado, os enfermeiros do capitalismo. Do outro, seus sepultureiros.

Então neste material de elaboração, reflexão, apresentamos –e nossos leitores poderão ver atenciosamente- as primeiras declarações que o 25/1 e o 7/2 sobre Tunísia e Egito editadas pelos membros do Secretariado Africano da FLTI, que foram tomadas como própria por toda nossa corrente internacional.
Apresentamos também o chamamento e o programa com o qual a LOI-CI de Argentina que convocou e foi parte ativa de mobilizações em solidariedade com a revolução da classe operária da Tunísia e do Egito.
Também publicamos o panfleto da LTI da Bolívia, chamando a unir o combate no terreno internacional da classe operária da Bolívia, Tunísia e Egito contra o mesmo inimigo: o imperialismo e seus governos, já sejam chamados “nativos” ou “indigenistas” ou “progressistas” ou “autocráticos e contrarevolucionários”, que aplicam os mesmos planos de fome, demissões e miséria, como diferentes agentes do mesmo patrão do sistema capitalista mundial.
Apresentamos as cartas do SCI da FLTI a todos seus militantes e grupos, dando conta dos acontecimentos ao dia da revolução na Tunísia, no Egito e a nível internacional. Muitas destas cartas foram escritas e depois precisadas ao calor dos acontecimentos. Numerosos aportes de todos os militantes da nossa corrente e seus grupos foram regulando a mira para conquistar um programa para a revolução socialista, isto é, as condições da vitória.
Nossa elaboração para conquistar o programa marxista, ante enormes eventos e acontecimentos, não ficarão guardados em nenhum pendrive, arquivo ou delicadas escrivaninhas, senão que são, e propomos que sejam, um instrumento de combate para colaborar em formar revolucionários que pensem com sua própria cabeça, procurando entre todos, e conquistando, um programa para a revolução socialista.
Editamos assim então uma carta do 2/2, que define com precisão o caráter da revolução que começou no Egito, na Tunísia, do combate pela tomada do poder, as tarefas internacionais da revolução e as tarefas internacionais do proletariado mundial.
Assim mesmo, publicamos uma carta do 3/2, escrita no mesmo dia em que se produzia o rendimento à “praça da libertação” de hordas contrarevolucionárias, às que os tanques do exército “neutro” davam passos para achatar as massas insurrectas; e depois cercavam às massas para que estas não terminem de justiçar e achatar essa intentona semi-fascista contrarevolucionária.
Na mesma estabelecemos a relação entre a política contrarevolucionária e as tarefas das direções pequenas burguesas e burguesas montadas nas massas, que tentam desarmar as
massas com os cantos de sereia da “luta pacífica e democrática”… quando o grande capital e o imperialismo arma aos lumpens, a polícias sem uniforme, a agentes pagos do aparelho burocrático para massacrar as massas
Publicamos uma carta do 4/2 que dá conta de que apesar e na contramão de golpes e putchs contrarevolucionários, apesar de que as correntes burguesas e pequenoburguesas se montaram na mobilização, apesar e na contramão das conspirações a costas das massas de movimentos como o da Irmandade Muçulmana, “6 de abril”, igrejas variadas e cibernéticos enfurecidos, as massas empurram a mais e mais setores ao combate.

Quando fechamos esta apresentação, o pacifismo da “frente democrática” faz água. Massas revolucionárias já estão queimando o quartel geral da polícia no Cairo. Aparecem e entram em cena os verdadeiros heróis desta revolução: os que puseram seus mortos, os que se tomaram as delegacias, os que começavam a imolar-se como Mohammed Bouazizi da Tunísia, a classe operária com suas legiões de desempregados ganham as ruas, tomam-se as petroleiras como em Suez.
Um novo empuxo e uma nova onda expansiva de operários e explorados percorrem o Nilo profundo. O faraó, o verdadeiro faraó que é Obama e o imperialismo que submete a Egito vê perigar sua cabeça no cume das pirâmides. As de seus sócios e agentes diretos estão por rodar.
Uma nova mareia revolucionária vem da Tunísia, como o anunciamos na carta do 8/2. Enfrenta-se já ao governo que em semanas tentou expropriar, com uma roupagem “democrática”, a revolução dos operários e camponeses pobres.
Passam os dias. As revoluções se aprofundam. Os verdadeiros atores ocupam seu lugar. Há que dizer-lhe a verdade a toda a classe operária mundial, e isto tentamos fazer em toda a correspondência internacional que aqui apresentamos: o que começou é uma fenomenal e extraordinária revolução operária e socialista, que avança o que não pôde avançar o levantamento da classe operária européia contra o ataque dos monopólios e governos imperialistas.
A luta econômica contra os capitalistas e seu governo elevaram a luta política pelo poder. O esvaziamento do poder e a crise revolucionária estão abertos no Egito como o esteve ontem na Tunísia. Esta situação não pode durar muito tempo mais. Ou se engana e se expropria a revolução, como tentou o imperialismo e a burguesia na Tunísia, apoiados na burocracia dos sindicatos e as direções reformistas das massas, às quais agora estas se enfrentam; ou bem se preparam contra as massas revolucionárias do Egito novos massacres contrarevolucionários que lhe permitam à burguesia retomar o controle de seu Estado e o poder. As massas no Egito começam a compreender cada vez mais do que o exército, pretensamente “neutro”, e sua casta de oficiais se abria para dar-lhe passo às bandas fascistas para tentar massacrar as massas, e as resguardava quando as massas as faziam retroceder.
O soldado raso piscava o olho ao combatente do proletariado da revolução. Enquanto, o general e o oficial sustentavam e protegiam às bandas contrarevolucionárias de Mubarak e Obama. Esta é a grande tarefa pendente. Partir esse exército, pôr em pé os comitês de soldados para que a revolução se ponha de pé, e preparar as condições da vitória.
Insistimos, este período de esvaziamento de poder não será muito longo. Se a classe operária não se faz do poder, a crise revolucionária fechará a burguesia, com a “frente democrática” isolando e desgastando as mobilizações das massas, impondo um governo “de transição”, ou inclusive com ações contrarevolucionárias e com progroms semi-fascistas como no Quirguistão, com massacres em praças que ficam isoladas depois de desgastar as enormes energias das massas, como faz meses atrás na Tailândia ou na Tiananmen em 89.

Uma corrida entre revolução e contrarevolução, entre o crash e bancarrota do capitalismo, e a resposta de massas, começou. Esta questão do poder não se define num só país. O processo da revolução e contrarevolução se definem no combate internacional do proletariado, em devolver-lhe a este uma direção que se mereça e que esteja à altura do combate que está dando.
Os reformistas não vão poder viver em paz. Os “anticapitalistas” que não combatem o capitalismo, cada vez se demonstram mais como enfermeiros do capitalismo. Os que falam de socialismo e a revolução nos dias de festa, na revolução mesma pregam o “triunfo da democracia” e a burguesia.
As massas avançam em processos revolucionários a pôr em pé organizações de combate, de alto-organização e armamento. A classe operária européia, com o mesmo padecimento que as massas do Oriente Médio e o norte de África, deverão, e o estão fazendo já, tirar conclusões de como avançar na luta por pão e trabalho, enfrentando abertamente aos regimes e estados das potências imperialistas. É que, para que a classe operária européia volte a dar uma luta minimamente séria, a demanda pelo pão não pode ser outra que “Fora Papandreau! Abaixo a V República! Fora Merkel, a rainha de Inglaterra e essa gruta de bandidos do parlamento europeu e os parasitas de Maastricht!”
Os operários argelinos, tunisianos, egípcios, da África e Oriente Médio na Europa são os que farão acender essa chispa na classe operária européia.
A classe operária boliviana ameaça com ser a chispa, como Tunísia, para voltar a incendiar a luta antiimperialista e contra a fome das massas da América Latina. Os combates do norte da África, mais cedo ou mais tarde, vão-se a irradiar às martirizadas massas do resto do continente, reprimidas e submetidas por brutais governos contrarevolucionários, agentes das diferentes potências imperialistas já sejam anglo ianque, francesa, ou alemã.

Insistimos, nestas condições o reformismo já começou a boquear como peixe fora da água. Agoniza-se a crise de direção revolucionária, mas também a crise do reformismo e sua bancarrota.
O movimento revolucionário internacional tem e terá mil e uma oportunidades.
Toda a esquerda “socialista” dos EUA, servente do Obama, submeteu o melhor da classe operária norte-americana e seu combate antiimperialista aos pés do “democrático” Obama contra o “fascista” Tea Party da ultra-direita norte-americana, já não pode explicar sua política de sustentar por esquerda o democrático Obama. Já ficou claro que este é como ou pior do que Bush, já que sustenta aos governos contrarevolucionários autocráticos bonapartistas, assassinos, semi-fascistas, com os quais o imperialismo controla 90% do planeta, no mundo colonial e semicolonial, nações as que saqueiam super explorando a limites extremos à classe operária.
Cada vez que o imperialismo avança neste objetivo, pior trata à classe operária de seu país imperialista. Assim, o imperialismo corta a cada passo a rama em onde está sentado, e se cuida muito bem de que a rama seja sustentado pela aristocracia e a burocracia operária.
Os operários norte-americanos se perguntarão - e o devem fazer - “Que faz meu governo decidindo sobre outro país?” “Que fazem minhas tropas que ainda seguem massacrando no Iraque e no Afeganistão?” A chispa deve aparecer-se já na classe operária dos países imperialistas. O inimigo está em casa! Os parasitas do capital financeiro dirigem, com poses e agentes “democráticos” ou ditatoriais, a todos os governos contrarevolucionários que massacram e submetem à classe operária mundial.
A “democracia” que expandem as pandilhas imperialistas no mundo não é mais do que governos baseados em genocídios, em ocupação, como o do protetorado do Iraque e Afeganistão; ou bem, a nova autocracia chinesa ou de Putin na Rússia, na África ensangüentada e martirizada sob a bota de terríveis governos bonapartistas.
Os operários bolivianos enfrentam às burguesias “progressistas” e “bolivarianas”, e são a vanguarda contra a carestia da vida e pelo pão em toda a América Latina. Na Bolívia vimos muito bem este acionar dos agentes do imperialismo para frear a revolução. Com o chamado “frente popular” de colaboração de classes de Morales, impôs-se um governo que salvou os interesses do imperialismo e toda a burguesia nativa boliviana, desgastando as forças da revolução
O agente fascista do imperialismo deu um golpe contrarevolucionário na Média Lua e, logo depois ambos, os “democratas” e os fascistas, com o auspicio da OEA imperialista, votaram em comum uma Assembléia Constituinte, que fechou a crise revolucionária nas alturas deixou submetida Bolívia ao imperialismo igual ou pior do que sob o regime da rosca, e aos operários famintos, sofrendo planos de ajuste iguais ou pior do que os de Mubarak.
O que soa já, ante a bancarrota do capitalismo, é a necessidade da revolução socialista.
Por isso não podemos menos do que afirmar que desde o 4/1 que morreu Mohammed Bouazizi e começou as ações das massas tunisianas, e se propagou ao Oriente Médio, o que estamos vendo são semanas e dias de revolução que estão comovendo ao mundo.
Como poderão ver nossos leitores, nosso objetivo não é outro que o de, tirando lições revolucionárias, preparar quadros que, intervindo na revolução mesma, possam propor-se já a enorme tarefa de pôr em pé um novo reagrupamento das forças revolucionárias internacionalistas da classe operária mundial. Já não há tempo que perder. O combate revolucionário das massas ainda nos dá tempo.

As massas estão iniciando revoluções. A situação é como a que propunha Trotsky em seu trabalho de 1928 “Stalin, o grande organizador de derrotas”: “Não se trata de que estamos numa época em que se pode tomar o poder em todos os lados o mesmo dia. Essa não é a situação e seria impossível que assim o fosse. Estamos num momento de agoniação da época de crise, guerras e revoluções, que significa, nem mais nem menos, que por momentos pareceria ser que ‘não acontece nada’, diria o impressionista, mas de repente, pelas condições internacionais, aqui e lá se lhe apresenta ao proletariado a necessidade de fazer-se do poder.”

Uma direção preparada para isso é o que se precisa. Só se formará na revolução.
As direções traidoras tentam desorganizar o que as massas construíram com sua luta e seus heróicos combates. Tentam impedir a todo custo que a revolução no Egito e na Tunísia não suba cada dia um degrau a mais, jogue a Mubarak e se faça do poder. Essa é sua função.
Mas, a sua vez, a função dos revolucionários é garantir que isto não seja assim. A isso estão voltadas todas nossas forças.

A crise de direção e a superabundância de direções traidoras se interpõem entre o marxismo revolucionário e as massas. Mas, como hoje demonstram Egito e Tunísia, são as massas revolucionárias as que, enfrentando ao reformismo, facilitam-lhe o trabalho ao movimento revolucionário para chegar a tempo a elas.

Não há tempo que perder.
Revolucionários a seus assuntos!

SCI da FLTI
10/2/2011.

 

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