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Correspondência Internacional.
30/01/2011
A revolução começou no Egito
Saudamos ás massas no Egito que desde a sexta-feira 27 de janeiro de 2011 se levantaram, derrotado á polícia nas ruas, desarmando-os em muitos povos e cidades, destruindo as delegacias (os centros de tortura e opressão das massas durante muitos anos) e puseram em pé comitês operários com seções do exército que os apóiam. Isto marca o começo definitivo de uma revolução operária, não só contra o regime de Mubarak, senão contra a dominação do imperialismo norte-americano na região. O 27 e 28 de janeiro o imperialismo lançou ao exército contra as massas mas em muitas regiões os soldados rasos do exército negaram-se a disparar contra as massas e se uniram à revolução.
O imperialismo norte-americano dirigiu a seu setor mais leal do exército, a guarda presidencial, para que se mobilize e proteja o gás e as refinarias e as instalações do principal canal de televisão. O imperialismo está preparando vários passos a seguir, desde a força brutal até plantar elementos reacionários dentro do movimento, como Mohamed El Baradei. E está trabalhando junto com a direção da Irmandade Muçulmana para preparar um novo regime fantoche do imperialismo em caso que as massas não possam ser achatadas em sua luta por derrocar ao odiado regime de Mubarak. Está-se preparando outra opção que é um possível golpe militar que seria unicamente uma mudança de máscaras, mas que continuaria com a brutal opressão sobre o levantamento das massas.
A tarefa imediata da revolução é pôr em pé os soviets, isto é, os comitês de luta com delegados operários principalmente (mas não limitados a eles) das fábricas têxteis, de gás e petróleo, hidrelétricas, metalúrgicas e de armas, das grandes granjas capitalistas, incluindo delegados dos soldados rasos, dos desempregados, estudantes e setores das classes médias arruinadas e os camponeses pobres (nas zonas rurais). Operários de todos os postos de trabalho em luta deverão enviar delegados a esses soviets. O que vai da mão com esta tarefa é a posta em pé de uma milícia operária, comitês operários de autodefesa, como parte destes soviets, contra o brutal e assassino regime. É o regime de Mubarak (baixo instrução do imperialismo, usaram a mesma tática na Tunísia) o responsável de enviar matões para atacar os museus de antigüidades e para atacar as casas das classes médias.Este é uma tentativa de ganhar á classe média arruinada para que não apóie a revolução. As massas já puseram em pé seus “comitês populares revolucionários”. Estes comitês são estruturas de tipo pré-soviéticas que precisam ser fortalecidos e estendidos a todos os lugares explicados anteriormente para que se centralizem os delegados operários. Todos os esforços devem estar ao serviço de lutar pela dominação da classe média. A melhor forma de fazê-lo é adotando um programa revolucionário.
Qual deveria ser o programa pelo qual deveriam lutar os “comitês populares revolucionários”?
I. O primeiro é chamar ao derrocamento de todo o regime de Mubarak, com a casta de oficiais e toda a burocracia que sustentou o brutal ataque contra as massas em nome do imperialismo todos estes anos. É importante ir além de só “Abaixo Mubarak”. Abaixo com o governo interino do El Baradei, a Irmandade Muçulmana e os fragmentos do regime de Mubarak. Este “governo interino” é só outra cara da continuação da dominação do imperialismo norte-americano.
II. Precisamos levantar as consignas da Tunísia (e realmente de toda a classe operária mundial) por pão e trabalho. Isto significa que os operários devem tomar-se todas as granjas capitalistas, pô-las sob controle dos operários rurais, tomar toda a produção e distribuição de alimentos capitalista, pô-las também sob controle operário, sem indenização para os capitalistas. Esta é a forma de alimentar às massas imediatamente. Deveram pôr em pé o modelo de granjas operárias coletivas; créditos baratos e equipamento de maquinarias deverão ser entregados aos camponeses pobres. A repartição da terra deverá ser determinada de conjunto pelos comitês de operários rurais e comitês de representantes dos camponeses pobres. A classe capitalista engordou sobre os ossos das massas, e todos eles estão unidos á ditadura de Mubarak. As companhias imperialistas e os bancos que operam no Egito apoiaram durante muito tempo a ditadura de Mubarak. Eles submeteram ás massas ao desemprego e á fome na terra da abundância. O que segue é que para conquistar o trabalho todos os bens capitalistas e imperialistas, incluindo os bancos, devem ser expropriados sem indenização para os capitalistas, e postos sob controle operário. Não deverá ter propriedade privada dos meios de produção, o seja as grandes terras, grandes companhias têxteis, de fabricação de armas, grandes bancos, grandes hidrelétricas, empresas de gás e petróleo, grandes distribuidoras de alimentos; todas as grandes companhias devem ser postas sob controle operário. Isto sentaria as bases para a redução imediata da jornada trabalhista, distribuindo o trabalho entre as mãos disponíveis, sem redução de salários. Somente um governo revolucionário baseado nos “comitês populares”, que estão centrados nos delegados operários e dos soldados rasos, pode levar adiante as aspirações das massas de conseguir pão e trabalho
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III. Expulsão de todas as bases militares norte-americanas no Egito. Os comitês populares revolucionários deverão tomá-las.
IV. Atirar abaixo a fronteira de Rafah. Terminar com o bloqueio a Gaza é uma tarefa democrática imediata. Em 2008-09 as massas do Egito ajudaram a atirar abaixo a fronteira de Rafah, agora as massas palestinas podem unir forças com seus irmãos e irmãs de classe do Egito para desfazer-se completamente do regime de Mubarak.
V. Os pobres nômades deverão conquistar suas demandas de trabalho, terra e serviços.
VI. Pelo desconhecimento das dívidas das massas com os bancos capitalistas.
VII. Por imediata volta dos tesouros do país que foram roubados e que ainda hoje estão nas coleções do Palácio de Buckingham, nos EUA, França, etc.
VIII. Por direito imediato do regresso de todos os palestinos e pelo derrocamento de todos os muros e postos de controle que mantêm ás massas palestinas em campos de concentração.
IX. Pelo derrocamento imediato de todos os regimes repressivos na região.
X. Chamamento aos operários do mundo a que tomem a briga contra o capitalismo imperialista mundial, para que importem as revoluções egípcia e tunisiana a seus países, isto é pela luta revolucionária da classe operária pela tomada do poder a escala mundial.
XI. Por uma Conferência imediata de todas as Organizações Operárias Revolucionárias e os Trotskistas Internacionalistas no Egito para pôr em pé uma Internacional Revolucionária, que para nós significa a refundação da Quarta Internacional.
O imperialismo norte-americano dirige cada movimento do regime egípcio
Alguns componentes da esquerda de forma ingênua (alguns conscientemente) propõem que o imperialismo norte-americano não está envolvido nas ações do regime egípcio e que se deveria “pressionar” ao regime de Mubarak para conseguir uma “mudança democrática”. Este é um erro fatal já que a mesma opressão das massas durante anos foi dirigida pelo imperialismo norte-americano. De fato está dirigindo cada passo de ofensiva contra as massas, apesar de sua retórica do chamando ao regime egípcio á “mesura”. O imperialismo norte-americano está tratando conter que se estenda o levantamento ao resto da região e ao coração mesmo dos EUA. O endurecimento da seção militar que é mais fiel ao regime, sobre as massas que se reúnem na praça Tahrir no centro do El Cairo, é o começo de manobras para reprimir brutalmente a revolução, o imperialismo norte-americano está preparando outro massacre como a da Plaza Tiananmen, já que não se podem permitir que a revolução se espalhe a toda a região. A questão do armamento generalizado das massas para a autodefesa contra ataque do imperialismo norte-americano é central nos próximos dias. A juventude na praça Tiananmen foi pacifista, desarmaram aos soldados que lhes deram uns golpes e eles lhes devolveram as armas. O resultado foi, quando as massas estavam exaustas, o brutal regime chinês afogou em sangue a revolução. As massas precisam tirar as lições e tirá-las rápido.
Durante muitos anos o regime egípcio foi uma marionete do imperialismo norte-americano e seu segundo bastão da reação (depois de Israel) para controlar às massas na região. Israel está abertamente identificado como o inimigo, mas o regime egípcio é o inimigo de adentro e, portanto, muito mais perigoso. Sua brutalidade contra a classe operária foi sustentada pelo imperialismo norte-americano através de um apoio militar anual de U$S 2 bilhões, só superado por Israel. A repressão ao movimento operário, a opressão á liberdade de expressão e á liberdade de constituir organizações políticas independentes, no Egito foi sustentado pelo imperialismo norte-americano, de fato é sua política atual no Egito já que determinam cada movimento do regime de Mubarak.
A crise do imperialismo e o incremento da fome das massas egípcias foi imposto da forma mais brutal por parte do regime egípcio. Este mesmo imperialismo é responsável das condições de escravatura dos operários na Arábia Saudita, os Emirados Árabes Unidos, Iraque, Irã, Líbia, onde os operários trabalham em virtuais campos de concentração para o imperialismo, extraindo e refinando o petróleo e o gás, com todos os lucros para o imperialismo e uns poucos centavos para sustentar os regimes brutais anti-operários. Estender a revolução a Arábia Saudita, Iêmen e todos os Emirados e os produtores de petróleo na região é uma tarefa imediata, por meio do chamado a todos os regimes fantoches do imperialismo a ir-se, á posta em pé de conselhos operários (soviets), unindo ás massas em luta e para que o poder o tenham esses conselhos operários revolucionários.
O mesmo imperialismo deixando morrer de fome e tratando brutalmente ás massas nos EUA. É uma tarefa imediata da classe operária nos EUA bloquear os portos, bloquear qualquer barco de carga de armas que saia ás bases militares dos EUA. É uma tarefa imediata mobilizar aos milhões de operários e operários imigrantes nos EUA a marchar nas ruas contra o regime assassino de Obama que está preparando afogar em sangue á revolução egípcia. As organizações operárias devem romper com Obama e preparar uma greve geral nos EUA contra o massacre imperialista mundial, contra a operação a nível mundial de “Chumbo Fundido” que o imperialismo leva adiante para deixar famintas ás massas do mundo. Para que a classe operária viva, o imperialismo deve morrer.
A política do imperialismo de isolamento das massas palestinas foi brutalmente executada pelo regime egípcio. Eles -inclui ao ex dirigente de inteligência, Suleiman, que agora é vice-presidente, e ao ex líder das força aéreas, Shafiq, agora Premiê- eram informados de cada passo quando os entregadores negociadores de Al Fatah estavam traindo aos lutadores palestinos, quando estavam abandonando o direito a volta dos 6-7 milhões de palestinos refugiados.
O regime de Mubarak diretamente bloqueou e ainda bloqueia a fronteira de Rafah e então, sustentou os ataques genocidas de “Chumbo Fundido” contra as massas palestinas em 2008-09 e também o bloqueio imperialista a Gaza em general. O regime egípcio exporta cimento a Israel para ajudar na construção do muro ilegal na Cisjordânia.
As revolução tunisiana e agora a egípcia marca o início da terça intifada que é uma ofensiva revolucionária contra os regimes fantoches na região que mantém ás massas palestinas sob correntes. É uma tarefa imediata unificar-se com o resto da classe operária na região para derrocar aos regimes títeres do imperialismo.
Mas ainda, a libertação das massas palestinas e de todas as massas da região está unida á unidade com a classe operária na Europa pelo derrocamento revolucionário dos regimes imperialistas ali, e também o derrocamento revolucionário dos regimes imperialistas menores como o Portugal, Espanha, Itália, Bélgica, os países baixos, etc. Abaixo Maastricht e os regimes que deixam famintas às massas. Por uma Federação de Estados Operários Soviéticos da Europa. A revolução dos semi-escravos no Norte da África e Médio Oriente deve estender-se para derrotar ao regime sionista que é o bastão do imperialismo mundial na região.
O imperialismo dos EUA e mundial é provável que brigue até o final no Egito porque um estado operário imediatamente reforçaria a luta na Palestina pela libertação e explodiria o controle imperialista nas reservas de petróleo maiores do mundo. Ainda, um Egito totalmente burguês democrático seria uma ameaça para o imperialismo já que toda ditadura brutal na região estaria imediatamente sob ameaça. Uma tarefa democrática de expulsão de todas as bases militares ianques seria proposta. Se as massas da região realmente controlassem as reservas de petróleo, a exploração imperialista mundial estaria sob ameaça.
Fração Leninista Trotskista Internacional
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