Polêmica com a esquerda latino americana e mundial
Quando o castrismo se apresta a impor a restauração capitalista e a sorte do Estado operário cubano depende inteiramente dos combates do proletariado internacional, os renegados do trotskismo selam sua histórica subordinação à burocracia castrista.
Os renegados do trotskismo sustentaram por esquerda, durante décadas, a política contra revolucionária da burocracia castrista. Por um lado estão os que devieram em abertamente castristas, como o SWP norte-americano que se transformou diretamente numa agência de viagens a Havana ao interior dos Estados Unidos. Também a corrente de Alan Woods deveio em conselheiros diretos da burguesia chavista e sustentadores abertos dos irmãos Castro. O mandelismo e o lambertismo faz já décadas se proclamaram defensores da burocracia castrista. O outro setor dos renegados do trotskismo são os que hoje encobrem à burocracia restauracionista cubana disfarçando-se de “críticos” do castrismo, como o morenismo e os gramscianos do PTS, para “lavar suas roupas” e “não ficar perto” ante os agudos acontecimentos que já estão aqui. Por isso vemos em suas publicações das ultimas semanas “álgidas polêmicas”, destilando confusão reformista sobre a vanguarda do proletariado internacional. Os dois setores dos renegados do trotskismo –os abertamente castristas e os “críticos”- ficaram na barricada contrária dos interesses históricos do proletariado cubano, já que são destruidores do programa trotskista e a IV Internacional como demonstraremos na polêmica que aqui apresentamos.
Os morenistas chamam a “enfrentar ao castrismo” com uma “frente democrática” junto à burguesia... Como em Bolívia e Honduras: sempre aos pés da “burguesia democrática”
Os morenistas que ontem –sob a pluma de Nahuel Moreno em seu documento sobre situação mundial de 1965- afirmavam ante o proletariado mundial que Castro e o Che Guevara eram “revolucionários jacobinos” só comparáveis, segundo eles, a Lenine e Trotsky, hoje tentam despegar-se do castrismo, mas em sua tentativa não fazem mais do que aprofundar seu reformismo e bancarrota.
Sob as bandeiras do “frente democrática”, os morenistas renegados do trotskismo aplicam a política de colaboração de classes, de subordinação do proletariado à burguesia. Alguns a aplicam em Cuba “contra a burocracia” como os morenistas mais clássicos de Convergência de Esquerda (CI), Esquerda Socialista (IS) e o Movimento Socialista dos Trabalhadores (MST) que fazem uma frente com a burguesia “por mais democracia”; e outros morenistas como a LIT-QI aplicam a mesma política de frente com a burguesia mas “contra a ditadura” em Cuba, onde afirmam que o capitalismo já se restaurou definitivamente nos 90. Assim, num artigo do 12 de abril de 2010, Convergência de Esquerda sustenta: “Quando tarde ou temporão, caia o regime castrista pelo enorme descontentamento popular, e não pelos vermes de Miami, provavelmente se abrirá um espaço de amplas liberdades democráticas, e é possível que a maioria da população se volque aos partidos pro-capitalistas, pela ausência de partidos trotskistas revolucionários.
Vamos proibi-los? Aceitaremos que o PC, que afunda as conquistas da revolução, seja o único legal? Ou congelamos a revolução até que surjam os partidos que nos agradaria ter?
Nós nos colocaremos do lado dos trabalhadores e o povo, que no meio de enormes confusões lutarão contra o embargo imperialista, contra os castristas aliados às multinacionais…”. E finalmente para arrematar a argumentação de sua política e programa asseguram que: “Não podemos substituir a inevitável experiência que deverão fazer os trabalhadores cubanos com os partidos capitalistas, para chegar à conclusão de que precisam fazer um partido revolucionário e tomar o poder, esta vez como corresponde: com os organismos democráticos da classe operária. ”
Estes reformistas confessos lhe dizem ao proletariado que para enfrentar à burocracia castrista há que se aliar com a burguesia exploradora. Falam de uma primeiro “etapa da revolução democrática” chamando à unidade com a burguesia, sob a desculpa de “acompanhar a experiência das massas com os partidos capitalistas” já que… “não há partido revolucionário“ em Cuba. Mas a que partidos capitalistas se referem? Os principais agentes do capitalismo na ilha hoje são os Castro e seu camarilha que desde o partido militar controlam a economia em dólares e os negócios com as empresas mistas. Estes morenistas senis o que estão propondo é a unidade com um ala do partido restauracionista que fala de “liberdades democráticas”, para acelerar a consumação da restauração capitalista. Isto é que seu “primeiro etapa” da “revolução democrática” nada mais é do que sua luta por uma república democrática… burguesa. A isto se referia o morenismo quando nos 80 cacareaba que “o modelo do socialismo era Cuba mais democracia”.
Estes estafadores, que falam em nome do marxismo, propõem que na “segunda etapa” de sua revolução é quando se conquista a independência de classes e se avança ao socialismo “esta vez como corresponde: com os organismos democráticos da classe operária”. No entanto, se o proletariado cubano estabelece uma aliança com a “burguesia democrática” para “derrotar ao castrismo” como prega o reformismo, o que se derrota em primeiro lugar é ao próprio proletariado cubano, que fica submetido ante a burguesia, fechando assim definitivamente o caminho ao surgimento dos soviets como organismos de máxima independência de classe do proletariado, garantindo o triunfo absoluto da burguesia sobre a classe operária com a restauração capitalista.
Convergência de Esquerda e os morenistas clássicos como Esquerda Socialista chamam à subordinação absoluta do proletariado cubano à burguesia “democrática”, a qual sob nenhum ponto de vista atacaria a essência da política restauracionista dos Castro Que burguês amigo do morenismo levantaria a demanda “Abaixo a desigualdade social e salarial!”? Só a vanguarda do proletariado enfrentando à burocracia restauracionista pode levantar: Abaixo a desigualdade social! Abaixo a burocracia parasitaria e seus privilégios! Pela igualdade salarial! Que são demandas motoras de toda revolução política.
Por outro lado a LIT-QI, outra versão dos morenistas, que afirma que a restauração capitalista já se consumou definitivamente em Cuba e que estamos ante uma ditadura burguesa, sustentam a mesma política que CI, IS, MST etc. já que também chamam à unidade do proletariado com a burguesia, esta vez “para enfrentar a ditadura”. E isto o dizem polemizando com o Partido Comunista de Brasil (PCB), isto é, com o mesmo castrismo agente da restauração.
A teoria de “revolução democrática” e “frente democrática”, nada mais é do que uma reedição morenista da “revolução por etapas” dos stalinistas que levasse a um sangrento derrotero ao proletariado mundial, política que fora firmemente enfrentada pela IV Internacional com a teoria-programa da Revolução Permanente.
É a mesma política de colaboração de classes que aplicaram todos os morenistas e o resto dos renegados do trotskismo em Honduras, onde subordinaram à resistência de massas ao “frente democrática” encabeçado por Zelaya contra a ditadura de Micheletti. Ali foram as massas as que combateram e deixaram seu sangue nas ruas, enquanto o covarde bolivariano Zelaya, ao que a LIT-QI chamou a sustentar, se exiliaba comodamente em República Dominicana. Este mesmo “frente democrática” aplicaram todos os reformistas para Bolívia em 2008, incluída a LIT-QI submetendo ao proletariado a Evo Morales para que “não triunfe o fascismo da Média Lua”, quando era o próprio governo de frente popular de Morales quem impedia o esmagamento revolucionário do fascismo pactuando com ele. Pelo contrário, os trotskistas internacionalistas sustentamos que o proletariado só pode defender a democracia e enfrentar ao fascismo, com os métodos da revolução proletária: dividindo às FF.AA. com comitês de soldados, milícias operárias, preparando as condições para tomar o poder, lutando pela terra, destruindo a base militar ianque, no caso de Honduras, e rompendo com a Frente Popular na Bolívia.
A política do morenismo de “frente democrática” já se aplicou na Rússia e na Polônia com a restauração capitalista
Ante os processos de revolução política na ex URSS contra a burocracia stalinista restauracionista, Nahuel Moreno e sua corrente a LIT-QI despregou todo seu programa oportunista. Assim na revolução política de Polônia em 1980-82 a classe operária se levantava contra a burocracia pondo em pé um sindicato de massas por fora do controle stalinista chamado Solidariedade. O mesmo tinha adquirido um caráter de semi soviet –“semi” por que não chegou a organizar aos soldados armados-. Frente a estes acontecimentos o morenismo propunha que devia surgir um governo de Walesa apoiado no sindicato Solidariedade, que rompesse com a burocracia, porque significaria o estabelecimento de um governo operário e camponês, isto é, o triunfo da revolução política. Mas este não tivesse sido um “governo operário e camponês”, senão tudo o contrário. Walesa era um agente direto restauracionista do Vaticano e do imperialismo, e um “governo de Walesa apoiado em Solidariedade” não tivesse sido mais que um governo do “Príncipe Lyov” apoiado num soviet dirigido pelos conciliadores, isto é, um governo menchevique restauracionista que jamais poderia “romper com a burocracia”. Diferente era lutar por Todo o poder a Solidariedade! Que significava justamente que os trabalhadores derrocassem à burocracia mediante a guerra civil e impusessem seu próprio poder, enfrentando e jogando do seio do soviet aos agentes do imperialismo e a Igreja como Walesa.
Depois, ante os acontecimentos de 89 o proletariado tinha chegado carregando com enormes derrotas tanto ao interior dos Estados operários como em toda Europa. O regime restaurador tinha levado à absoluta decomposição as forças produtivas, afundando na pior das misérias às massas russas. As conquistas dos Estados operários tinham sido liquidadas e, com elas, a consciência igualitária das massas. Todo o Leste europeu estava endividado com o FMI e os velhos burocratas stalinistas se faziam burgueses saqueando tudo a seu arredor e fugindo com milhões e milhões de dólares aos paraísos fiscais capitalistas. Tal como o prognosticava Trotsky e a IV Internacional, a restauração não veio da mão da invasão militar imperialista, senão da penetração de mercadorias, esta vez sob as formas de endividamentos do Estado. Os levantamentos das massas em 89 foram então revoluções políticas tardias. As massas já não tinham conquistas para defender e se sublevavam pelo pão, sabão e elementos básicos, identificando o “socialismo” com a maior das misérias. A ausência da IV Internacional, que tinha sido usurpada por seus liquidadores, foi um fator determinante para o triunfo da restauração capitalista.
As massas já tinham sofrido um golpe contra revolucionária com a reunificação capitalista alemã. Em Rússia, frente ao “golpe de Agosto” em 1991 um setor restauracionista do exército se levantou contra a camarilha também restauracionista do Parlamento que dirigia então Gorbachov. Por não contar com soviets e uma direção revolucionária a sua frente, as massas ficaram fora de cena e Yeltsin se pôs à cabeça do “confronto ao golpe”, que desse como resultado a imposição de um governo menchevique restauracionista que terminou de liquidar as bases do Estado operário. O morenismo novamente em prol de “enfrentar o golpe” ficou aos pés do restauracionista Yeltsin. Por isso enquanto caíam os tijolos do Muro de Berlim e se restaurava o capitalismo, na Argentina o MAS e a LIT mantinham uma frente política (o “Frente do Povo”) sustentando ao PC que devinha em nova burguesia.
Vale dizer então que, faz já 20 anos que as massas esperam “a segunda etapa da revolução política” noiva pelos morenistas, onde se “forjariam os soviets que desapropriariam à burguesia desenvolvendo tarefas socialistas”, etc. Mas o que se impuseram foi massacres na Chechênia, Bósnia, Kosovo, ocupações militares e esmagamentos das massas, craque como na Rússia com o conseguinte aumento dos sofrimentos e padecimentos inacreditáveis das massas. A isto a direção da LIT-QI lhe chama “restauração capitalista pela via pacifica” Canalhas! Para estes pacifistas não existiu o massacre de Tiananmen na China!! Está muito claro que não são as direções destes partidos políticos quem resistiram com seus corpos os massacres em Chechênia, nem trabalham nas fábricas russas onde a burguesia, chicote em mãos, está-se vingando do poder da ditadura do proletariado de 1917 com super-exploração selvagem, saque e brutal opressão contra a classe operária. Depois de 20 anos de restauração capitalista nos ex Estados operários, há pequenos grupos como o PTS que dizem que esta não se impôs, e o que há não é nova burguesia, senão “máfias” que impedem o normal funcionamento do capitalismo… como se a burguesia não fora uma grande máfia e esse seu funcionamento normal. Uma vergonha!
Trotsky não contemplava nenhuma “revolução democrática”, isto é nenhuma etapa intermédia, ao contrario, esta significava para a IV Internacional o aborto da revolução política, isto é, uma das formas da contra revolução. E isto era assim por que a diferença do capitalismo, o socialismo não se reproduz automaticamente, senão que implica uma construção consente. De dar-se em Cuba a “revolução” que pregam estes morenistas, o único que se implantaria seria a reprodução automática do capitalismo. Efetivamente o programa de “frente democrática” do morenismo com a burguesia hoje em Cuba equivale a: a restauração capitalista.
O PTS ante a questão cubana: um programa para a “via pacífica à revolução política”.
O PTS publicou sua declaração o 25 de março, nela desliza toda sua política e programa gramsciano ante esta questão transcendental para a luta de classes mundial. Assinalam que hoje a principal ameaça contra as conquistas da revolução cubana são “o imperialismo e a burocracia”, indicam que “O programa da revolução política é a única via de propor a defesa das conquistas de 1959 mediante a luta contra o bloqueio e as ameaças imperialistas, contra as políticas repressivas e os privilégios da burocracia e os novos ricos, exigindo a revisão de todo o plano econômico sob controle dos operários e camponeses e as mais amplas liberdades democráticas e políticas para as massas e para todos os partidos que defendem as conquistas da revolução de 1959, impulsionando a criação de organizações independentes das massas e sua mobilização revolucionária em defesa das conquistas e direitos populares. Trata-se de opor às duas políticas que empurram as forças da restauração, a burocracia e o imperialismo, a regeneração do Estado operário mediante a instauração do poder dos conselhos operários e camponeses, onde tenham liberdade os partidos que defendam a revolução.” (A Verdade Operária 367)
Para o PTS e seu programa de “revolução política” em Cuba, a luta por terminar com a desigualdade social e os privilégios da burocracia, não tem nada que ver com o derrocamento revolucionário do castrismo, quando isso é a essência do programa da revolução política dos trotskistas. Assim dizia o Programa de Transição a propósito do programa da revolução política na URSS: “Uma nova ascensão da revolução na URSS começará indubitavelmente sob a bandeira da luta contra a desigualdade social e a opressão política. Abaixo com os privilégios da burocracia! Abaixo o stajanovismo! Abaixo com a aristocracia soviética com suas castas e medalhas! Maior igualdade salarial em toda classe de trabalho! (...) É impossível realizar este programa sem o derrocamento da burocracia, que se mantém pela violência e a falsificação. Só o levantamento revolucionário vitorioso das massas oprimidas pode ressuscitar o regime soviético e garantir seu ulterior desenvolvimento para o socialismo.”
Estamos ante uma corrente pacifista pequeno-burguesa que não prepara ao proletariado cubano para um choque violento contra a burocracia restauracionista. Evidentemente a direção de Albamonte, retomando os passos do pablismo, sustenta um programa reformista contra a burocracia castrista como se se tratasse de uma burocracia que ainda não é contra revolucionária, senão centrista, à qual se lhe pode “exigir a revisão de todo o plano econômico” e inclusive se lhe pode impor “o controle dos operários e camponeses”. Assim o PTS abraça o programa de James Petras que “critica” à burocracia restauracionista, propondo-lhe que deve pôr-lhe umas gotas de “glasnost” gorbachoviana –isto é “democracia”- à restauração capitalista, alertando-a que tanto enriquecimento dos parasitas castristas pode provocar uma irrupção do proletariado.
O PTS não diz nem uma palavra de que nas “organizações independentes das massas” não pode ter lugar para a aristocracia-burocracia operária castrista. Por tal, ditos organismos de massas só poderão surgir no caminho da luta contra a burocracia, na briga por sua derrocamento, como o dizia Trotsky: “Autênticos soviets de operários e camponeses só podem surgir no curso do levantamento contra a burocracia. Tales soviets serão incitados a brigar cruelmente contra o aparelho policial-militar da burocracia Como podemos, então, admitir nos soviets representantes desse campo contra o que começa o levantamento?” (“É necessário expulsar dos soviet à aristocracia operária” 1938).
Para eles a luta pela democracia operária em Cuba, não tem como condição que surjam organismos de autodeterminação e democracia direta sem a burocracia, ou seja reais, já que com a burocracia adentro não seriam mais do que organismos completamente maniatados pelo castrismo, pelo qual Trotsky dizia: “Em nenhum caso se pode contrapor a reivindicação de expulsar à burocracia à exigência de legalização dos partidos soviéticos. Em realidade estas consignas se complementam mutuamente. Hoje, os soviets são um apêndice decorativo para a burocracia. Só sua expulsão, que é impensável sem um levantamento revolucionário, pode regenerar a luta de diversas tendências e partidos no interior dos soviets. ” (Idem)
O PTS termina opondo a legalização dos partidos que defendam as conquistas da revolução com o derrocamento revolucionário da burocracia, pois para eles se trata de conquistar a democracia de maneira formal, exigindo as mais “amplas liberdades democráticas”. Isto é o oposto ao que propunha Trotsky: “Não se trata de uma delimitação “constitucional”, aplicada sobre a base a base de critérios jurídicos determinados, senão da auto delimitação real dos campos de luta. Os soviets só podem surgir no curso de uma luta decisiva. Serão criados pelas capas de trabalhadores que se ponham em movimento. A importância dos soviets consiste precisamente no fato de que sua composição não se determina por critérios formais, senão pela dinâmica da luta de classes. Certas capas da “aristocracia” soviética vacilarão entre o campo dos operários revolucionários e o campo da burocracia. O que estas capas entrem nos soviets e daí fase, dependerá do desenvolvimento geral da luta e da atitude que os diferentes grupos da aristocracia soviética adotem nesta luta. Aqueles elementos da burocracia e da aristocracia que, em e curso da revolução, passem ao lado dos insurrectos, também encontrarão indubitavelmente um lugar nos soviets. Mas esta vez não como burocratas e “aristocratas”, senão como participantes no levantamento contra a burocracia. Em nenhum caso se pode contrapor a reivindicação de expulsar à burocracia à exigência de legalização dos partidos soviéticos. Em realidade, estas consignas se complementam mutuamente.” (Idem) Para o PTS, dar as mais amplas liberdades democráticas não significa, ao mesmo tempo, derrocar à burocracia para conquistar os soviet e a democracia operária, e por essa via não fazem mas que se subordinar a ela, tudo a mudança de poder expor na “Feira do Livro de Havana” as edições de seus livros…uma vergonha!
O PTS está falando de uma “revolução política” pacífica, em clave gramsciana, onde os conselhos operários pelos quais lutam, sem derrocar à burocracia restauracionista, não seriam mais do que uma reforma no regime bonapartista dos Castro. Em realidade para o PTS esses “organismos” são uma forma de “acumulação de poder”, em definitiva organismos com os quais se pode pressionar à burocracia -à qual lhe dão um caráter centrista e não contra revolucionária- para tomar medidas orientadas em morigerar a desigualdade social, e não assim organismos independentes da burocracia para preparar sua derrocamento violento revolucionário, única maneira de defender a Cuba frente ao imperialismo.
A IV internacional proclamou o programa da revolução política, que em sua essência é o derrocamento revolucionário da burocracia com métodos de guerra civil, política que revisa e liquida abertamente o PTS como fiel representante do reformismo de Antonio Gramsci.
A burocracia castrista restauracionista cubana não tem nenhum direito de julgar ou castigar a nenhum preso político
Durante as últimas semanas a morte de Orlando Zapata Tamayo, produto de uma longa greve de fome, que foi seguida por dezenas de outros presos políticos declarados opositores ao governo de Raúl Castro, levou a que todos os renegados do trotskismo se pronunciassem sobre esse fato que gero comoção na situação política mundial.
O PO num artigo do 18 de março chama à “inspeção humanitária internacional”, isto é, que lhe abre a porta à intervenção das instituições imperialistas em atuam em nome dos “direitos humanos” e massacram aos povos oprimidos do mundo. Vejamos “… reclamamos a satisfação dos reclamos da greve de fome de Fariñas (…) pelo direito à inspeção humanitária internacional de qualquer centro de detenção (e de todo tipo de presos)”. (Imprensa Operária 1120) Desta forma o senhor Altamira deveio num conselheiro da ONU, as ONGS e a Cruz Vermelha.
Por outro lado o PTS tenta separar-se desta escandalosa posição do PO afirmando: “Na luta contra a repressão frente à agressão imperialista defendemos o direito de Cuba a ajuizar e castigar aos agentes do imperialismo, sobretudo em situações de guerra civil ou ataques do imperialismo”; e assim mesmo: “A liberdade dos presos políticos cubanos que não estiveram vinculados a atos de terrorismo ou apadrinhados pela CIA, sem nenhum tipo de solidariedade com suas posições políticas, é uma demanda elementar contra os abusos da burocracia. Por comissões operárias e camponesas independentes para revisar caso por caso.”
No entanto, esta posição típica de correntes estudantis da Universidade de Buenos Aires, nada mais é do que uma absoluta capitulação ao castrismo. Aos “abusos da burocracia”, o PTS lhe opõe “comissões operárias e camponesas”, como se o proletariado cubano tivesse alguma possibilidade de pôr em pé ditas “comissões operárias e camponesas” sem derrotar com métodos de guerra civil à burocracia restauracionista cubana. Mas o mais servil ao castrismo da posição do PTS é do que chama a estas “comissões operárias” para revisar única e exclusivamente aos presos do que a burocracia não acusou por: “atos de terrorismo ou apadrinhados pela CIA”, enquanto os outros, os que se foram tachados de agentes do imperialismo, se podem ser julgados pelo regime do castrismo. O PTS lhe entrega à burocracia restauradora a autoridade para que catalogue, acuse e julgue os presos políticos como agentes da CIA.
Os revolucionários afirmamos que não lhe reconhecemos à burocracia contra revolucionária, que reprimiu conseqüentemente toda oposição operária e encabeçou a perseguição contra os trotskistas em todo o continente, que lhe deu asilo e condecorou como herói a Mercader, o stalinista que assassinou ao camarada Leon Trotsky; que se apresta a restaurar o capitalismo, que tem o mesmo programa que a burguesia para descarregar a crise sobre a classe operária e os explodidos, com miséria e demissões em massa; que entregou cada combate do proletariado revolucionário; não lhe reconhecemos o direito de julgar absolutamente a nenhum preso político, como também não a definir quem é fascista e quem não, quem é da CIA e quem não.
Os únicos que podem definir em Cuba quem realmente são contra revolucionários e quem não são os operários, camponeses e soldados cubanos que ganham um salário de US$ 18, enquanto os burocratas se enchem os bolsos vivendo da economia dolarizada na indústria do turismo e o Níquel; são. É aos operários e camponeses que suportam a essa marca burocrática parasitaria, a quem os trotskistas lhe reconhecemos o direito de pesquisar e atuar sobre o conjunto dos presos em Cuba; são eles quem devem convocar a delegados de todas as organizações operárias de Latino América e EUA para impor um congresso dos explodidos na Habana que pesquise a situação dos presos políticos, com tribunais operários e populares que pesquisem, julguem e castiguem.
Oposto a isto os renegados do trotskismo lhe reconhecem, ou à burguesia “democrática” -no caso da LIT- o direito democrático de julgar quem é culpado ou não, ou bem à burocracia castrista –no caso do PTS- o direito democrático de julgar quem é agente da CIA e quem não.
Este combate pela justiça e a democracia operária, é inseparável da luta por derrotar aos Castro que atacam a todo opositor como “agente da CIA”, já que se prepara a reprimir selvagemmente a todo movimento que defronte a restauração capitalista em Cuba.
Hoje, se tivesse um partido trotskista em Cuba, não duvidamos que muitos de seus militantes estariam no cárcere, fazendo greve de fome, tal como os trotskistas na URSS, que nos campos de concentração de Vorkuta eram assassinados pela burocracia stalinista sob as calúnias de “ agentes do Mikado e a GESTAPO”. Por suposto que os renegados do trotskismo com sua política de capitulação ao castrismo, não são a continuidade dos trotskistas assassinados em Vorkuta, senão mais bem sua negação.
Revisionismo contra trotskismo: Socialismo nacional contra revolução socialista internacional
Fora as mãos dos renegados da IV Internacional fundada em 1938!
O que unifica categoricamente aos renegados do trotskismo, mas lá dos matizes de morenistas, gramscianos ou altamiristas, é que definem a questão cubana como uma revolução nacional. Isto quer dizer que em Cuba sustentam receitas reformistas de “revolução”, enquanto durante décadas se subordinaram à burocracia castrista e sua política internacional de colaboração e conciliação de classes, que assegurava o enquistamento da burocracia na ilha. Foi assim que os ex trotskistas nos 60, 70, 80, 90 e agora durante a primeira década do século XXI seguiram passo a passo as ordens de Castro sustentando-o por esquerda. Assim é que carregam com responsabilidade nas traições do castrismo que impediu sistematicamente que, sob o influxo de 2 ou 3 revoluções proletárias triunfantes no continente, desatasse-se na ilha a revolução política contra a burocracia castrista.
Trotsky no Programa de Transição analisava a relação da política da Internacional Comunista e sua relação com a burocracia stalinista na URSS: “… Cada dia adicionado a sua dominação (se refere à burocracia stalinista, NdeR) contribui a socavar os elementos socialistas da economia e aumentar as possibilidades de restauração capitalistas. No mesmo sentido atua a IC, agente e cúmplice da camarilha stalinista no estrangulamento da revolução espanhola e a desmoralização do proletariado internacional” (“A URSS e as tarefas da época de transição”, León Trotsky, os marcantes são nossos).
A IV internacional sempre sustentou que a sorte da URSS estava estreitamente unida ao combate de classes a nível mundial, tal como o propunha Trotsky em sua obra “A Revolução Traída”: “... g) a evolução das contradições acumuladas pode ir parar ao socialismo ou lançar à sociedade para o capitalismo; h) a contra revolução em marcha para o capitalismo deverá romper a resistência dos operários; i) os operários marchando para o socialismo deverá derrubar a burocracia. A questão será resolvida em definitiva pela luta de classes viva nos terrenos, nacional e internacional.” Exatamente o mesmo prognóstico corria para os Estados operários deformados surgidos depois da Segunda Guerra Mundial como os do Leste, Chinesa, Alemanha Oriental, Vietnã e por certo Cuba.
Por isso os trotskistas, levantamos o verdadeiro programa da revolução política, para derrotar ao governo menchevique enquistado no poder que descompôs a grau extremo às forças produtivas, interrompendo o regime de transição do capitalismo ao socialismo: isto é, impondo restauração capitalista. No entanto lhe dizemos à classe operária que o destino definitivo das conquistas da revolução cubana se definem hoje nas ruas de Grécia onde o proletariado empurra por abrir a revolução; definem-se em Quirguistão onde as massas abriram a revolução depois de 20 anos de restauração sanguinária do capitalismo. Na Bolívia, os operários fabris já estão enfrentando à burocracia da COB, sustenta o pacto de Evo Morales com o fascismo da Média Lua ao grito de “Fora os traidores das organizações operárias!”. Os fabris, com dinamite em mãos, estão-lhes marcando o caminho aos operários e camponeses cubanos para saldar contas com os restauradores. Nos combates do proletariado mundial que levantam as bandeiras de “Que a crise a paguem os capitalistas!” e “Abaixo as direções traidoras!” o proletariado cubano encontrará o impulso para que “a crise a pague a burocracia castrista e sua camarilha parasita”. A revolução cubana e seu destino se jogam na luta de classes internacional. Tal qual o dizia Trotsky no Programa de Transição, ao redor do combate contra a burocracia stalinista: “A luta contra a Internacional Comunista na areia mundial é hoje o aspecto mais importante da luta contra a ditadura stalinista” (Idem)”
Os renegados do trotskismo aplicam a política de “frente democrática” em Cuba escusando-se em do que “não há partido revolucionário”, quando durante 40 anos foram, por sua subordinação ao castrismo, o escolho fundamental para que surja um partido trotskista revolucionário em Cuba.
Depois de dissolver o centro internacional da IV Internacional, durante a II Guerra, levando à capitulação a suas seções nacionais e iniciando um curso centrista, os pablistas, cannonistas e morenistas se reunificaram na Conferência de 1963 sem nenhum balanço de suas adaptações e capitulações à burguesia, e fundamentalmente ao stalinsimo. O Pablismo, por exemplo, dissolveu a maioria das forças da IV Internacional nos partidos comunistas, num “entrismo sui generis”. E os que não aplicaram esta política de entrismo igualmente vinham de trair, junto ao mesmo pablismo, na revolução boliviana de 1952 capitulando-lhe ao nacionalismo burguês. Em 1963 se reunificaram ao redor de um só ponto: “o reconhecimento do Estado operário cubano”. No entanto, a história demonstrou que longe de ter-se reunificado para defender ao Estado operário cubano, unificaram-se para sustentar à burocracia castrista como parte de sua estratégia de procurar “asas esquerdas” do stalinismo. Bem como em 1989 a IV Internacional não contou com uma seção revolucionária na URSS, capaz de dirigir ao triunfo a revolução política, tarefa para a que se tinha fundado em 1938; hoje o proletariado cubano não conta pelo momento com uma direção revolucionária para guiar ao combate contra a restauração em curso. A razão: o acionar implacável dos renegados do trotskismo liquidadores da IV Internacional.
A defesa das conquistas da revolução cubana ficou em mãos da vanguarda revolucionária do proletariado mundial e do trotskismo principista. A FLTI tem suas forças comprometidas no combate contra a restauração capitalista e, como parte disso, a posta em pé de uma verdadeira direção revolucionária do heróico proletariado cubano, que não pode ser outra que a seção cubana da IV Internacional de 1938 re-fundada. Fora as mãos dos renegados do trotskismo da IV Internacional!
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